Um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil aponta que 44% da população já contaram com a colaboração de terceiros para conseguir comprar a prazo, o curioso é que 48% disseram que não emprestariam seu nome para outros. As classes C, D e E são as que mais utilizam desse meio para ir às compras. Por outro lado, 56% dos entrevistados dizem nunca terem buscado ajuda de terceiros para comprar.
Mas há também quem tenha emprestado seu nome para terceiros e contato com a ajuda de outros para adquirirem algum bem, é o caso da dona de casa Maricir Andrade, 59 anos.
"Já agi assim algumas vezes. Hoje confesso que não voltaria a emprestar meu nome. Tem muita gente perdendo o emprego de uma hora para outra”, conta ela.
A doméstica não deixa de ter razão. Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, emprestar o nome para amigos ou conhecidos é uma atitude solidária, mas que pode causar danos à saúde financeira de quem arca com a dívida. “Quem emprestou o nome termina se responsabilizando por uma dívida que não lhe pertence, cuja falta de pagamento possui desdobramentos sérios como a restrição ao crédito, inadimplência e até mesmo a perda da amizade de quem pediu ajuda”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil.
Ela também alerta que quem pede o nome emprestado muito provavelmente já tem dívidas em atraso e está com dificuldades de obter crédito por causa da restrição ao CPF. “Sendo assim, quem se arrisca a ajudar esse tipo de pessoa, precisa assumir o risco de não receber o dinheiro ou receber fora do prazo esperado. O recomendável é não emprestar ou emprestar apenas um valor que não fará falta no orçamento”, orienta a economista Marcela Kawauti.
Dinheiro de plástico em alta
O estudo da CNDL e do SPC Brasil também mostrou que quem pede ajuda de terceiros para comprar, geralmente é através do cartão de crédito, 33%. Proporção que cresce nas classes de baixa renda, 36%, e 38% entre as mulheres. Em seguida, aparece o crediário, 12%, cheque, 4%, empréstimo, 3%, e financiamento 3%.
De acordo com o gerente executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos (RJ), Antônio Miranda, em torno de 70% dos consumidores da cidade fazem uso do cartão de crédito para comprar. Enquanto as vendas pelo crediário caíram consideravelmente. “Até porque com o cartão de crédito se consegue parcelar as compras em diversas parcelas. Com isso a procura por crediário caiu bastante”, observa o dirigente lojista.
Foram entrevistados 910 consumidores no mês de março, nas 27 capitais brasileiras, acima de 18 anos, de ambos os gêneros e todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,2% para uma confiança de 95%.