Rocinha: investigação revela cobrança de taxas do tráfico a mototáxis e vans escolares

Uma investigação feita pela Polícia Civil e que terminou com a condenação de dois traficantes em julho deste ano revela como funcionava o esquema de cobrança de taxas a mototaxistas que circulavam pela Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio.

Segundo os autos, a partir do ano de 2014, 1.050 mototaxistas na comunidade pagavam cada um R$ 50,00 semanalmente à quadrilha de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, então chefe do tráfico na Rocinha.

Quem recolhia o dinheiro era Édson Antônio da Silva Fraga, vulgo 'Dançarino', que também era mototaxista mas se aliou ao tráfico. As vítimas da extorsão tinham que procurá-lo na Rua 02 para efetuar o pagamento.

Haviam 14 pontos espalhados pela Rocinha e que em cada um deles deveria ter um representante para arrecadar os valores exigidos.

Um mototaxista que se negou a pagar a quantia para os criminosos foi espancado na época com pedaços de pau. A cobrança de taxas também era feita contra motoristas de vans escolares que circulavam pela favela. O processo corre sob sigilo.

'Dançarino' negou as acusações. Disse, em suma, que era apenas um representante, escolhido pelos próprios mototaxistas, para recolher o dinheiro exigido pelos traficantes e entregar-lhes.

Dançarino, que está preso, e um bandido chamado de Renan Senhorinha da Conceição Rocha, vulgo 'Marrento', solto, foram condenados pelos crimes de extorsão e associação para o tráfico a 12 anos e quatro meses de detenção.

'Marrento' tem recompensa pedida pelo Disque Denúncia no valor de R$ 1 mil. Ele chegou a ser afastado do tráfico a mando de Rogério 157 por ter espancado um morador.