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Mancha de óleo nas praias brasileiras alcança Câmara

Ibama detecta resíduos em 201 localidades de nove estados nordestinos, dos quais dois já decretaram emergência ambiental

Por Portal Eu, Rio! em 21/10/2019 às 13:30:20

Óleo cru, como nessa amostra recolhida em praia pernambucana, é denso o suficiente para submergir e escapar da detecção dos satélites Foto Agência Câmara Fotos Públicas

A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados avalia na terça-feira (22/10) o derramamento de petróleo ocorrido no litoral do Nordeste. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), desde o dia 2 de setembro, manchas de petróleo se espalharam por nove estados nordestinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Até sábado (19/10), 201 localidades de 74 municípios já tinham sido atingidos.

Os deputados do DEM que pediram a realização da audiência, Pedro Lupion (PR) e David Soares (SP), lembram que o petróleo que está poluindo todas as praias é o mesmo: petróleo cru de origem ainda não identificada.

Ao participar de uma audiência pública realizada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados no último dia 8, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que análises laboratoriais confirmaram que a substância não provém da produção da estatal petrolífera.

O Ministério do Meio Ambiente sustenta que essas análises indicam que as amostras são compatíveis com o tipo de petróleo produzido na Venezuela. A hipótese foi corroborada por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
No domingo (20/10), a Marinha informou que mais de 525 toneladas de resíduos foram retiradas das praias.


Foram convidados para discutir o assunto:

- Representante do Ministério do Meio Ambiente;
- Eduardo Fortunato Bim, Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais - IBAMA; (CONFIRMADO)
- Representante da Marinha do Brasil;
- Representante da Agência Nacional do Petróleo - ANP;
- Representante da Petrobras; e
- Representante do Instituto Greenpeace.

Estudo da Coppe, pedido da marinha, aponta área a 700 km da costa de Alagoas como origem da mancha

Um estudo realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a pedido da Marinha conseguiu mapear, de forma preliminar, a provável área de onde partiu o óleo que polui praias do Nordeste desde o início de setembro. A região localizada abrange uma área que começa a uma distância de 600 a 700 quilômetros da costa brasileira, já em águas internacionais, em uma latitude próxima da divisa entre Sergipe e Alagoas.

Os cálculos foram feitos no Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), utilizando uma metodologia chamada de modelagem numérica. Com informações sobre a forma como o óleo chegou às praias, correntes marinhas e ventos, os pesquisadores fizeram uma previsão às avessas, reconstituindo o caminho que esse óleo precisaria ter percorrido para se dissipar da forma que vem ocorrendo.

Professor do departamento de meteorologia da UFRJ e do programa de pós-graduação de engenharia civil da Coppe/UFRJ, Luiz Assad, explica que o foco do trabalho, iniciado há duas semanas, é reduzir a extensão da área mapeada e chegar mais perto de um ponto específico de onde pode ter partido o vazamento.

"O ponto inicial seria entre 600 e 700 quilômetros, e [a área] entra um pouco mais pro Atlântico. Estamos nesse momento trabalhando para tentar diminuir essa área. Não temos um ponto de vazamento, temos uma área grande no meio do Oceano que é uma área de provável origem do óleo".

Se ainda não foi possível ter um resultado conclusivo sobre a área do vazamento, tampouco há condições de afirmar quando ele ocorreu. Segundo Assad, as informações atuais apontam para o início de agosto, um mês antes dos primeiros registros de petróleo na costa, o que se deu em 2 de setembro.

"É uma análise ainda preliminar. A gente ainda não tem como afirmar isso", pondera.

O pesquisador explica que, ao ser lançado no mar, o óleo sofre transformações em suas características físico-químicas, que fazem com que ele afunde até uma camada subsuperficial do mar. Apesar de pequena, a profundidade é suficiente para que ele passe despercebido por satélites.

Assad conta que o trabalho também inclui calcular o possível alcance que o óleo pode atingir no litoral brasileiro. O pesquisador considera difícil precisar quanto tempo o estudo ainda pode levar, mas ele acredita que serão necessários, ao menos, um mês a um mês e meio.



Fonte: Com Agência Câmara de Notícias e Agência Brasil

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