A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados avalia na terça-feira (22/10) o derramamento de petróleo ocorrido no litoral do Nordeste. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), desde o dia 2 de setembro, manchas de petróleo se espalharam por nove estados nordestinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Até sábado (19/10), 201 localidades de 74 municípios já tinham sido atingidos.
Os deputados do DEM que pediram a realização da audiência, Pedro Lupion (PR) e David Soares (SP), lembram que o petróleo que está poluindo todas as praias é o mesmo: petróleo cru de origem ainda não identificada.
Ao participar de uma audiência pública realizada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados no último dia 8, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que análises laboratoriais confirmaram que a substância não provém da produção da estatal petrolífera.
O Ministério do Meio Ambiente sustenta que essas análises indicam que as amostras são compatíveis com o tipo de petróleo produzido na Venezuela. A hipótese foi corroborada por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
No domingo (20/10), a Marinha informou que mais de 525 toneladas de resíduos foram retiradas das praias.
Foram convidados para discutir o assunto:
- Representante do Ministério do Meio Ambiente;
- Eduardo Fortunato Bim, Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais - IBAMA; (CONFIRMADO)
- Representante da Marinha do Brasil;
- Representante da Agência Nacional do Petróleo - ANP;
- Representante da Petrobras; e
- Representante do Instituto Greenpeace.
Estudo da Coppe, pedido da marinha, aponta área a 700 km da costa de Alagoas como origem da mancha
Um estudo realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a pedido da Marinha conseguiu mapear, de forma preliminar, a provável área de onde partiu o óleo que polui praias do Nordeste desde o início de setembro. A região localizada abrange uma área que começa a uma distância de 600 a 700 quilômetros da costa brasileira, já em águas internacionais, em uma latitude próxima da divisa entre Sergipe e Alagoas.
Os cálculos foram feitos no Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), utilizando uma metodologia chamada de modelagem numérica. Com informações sobre a forma como o óleo chegou às praias, correntes marinhas e ventos, os pesquisadores fizeram uma previsão às avessas, reconstituindo o caminho que esse óleo precisaria ter percorrido para se dissipar da forma que vem ocorrendo.
Professor do departamento de meteorologia da UFRJ e do programa de pós-graduação de engenharia civil da Coppe/UFRJ, Luiz Assad, explica que o foco do trabalho, iniciado há duas semanas, é reduzir a extensão da área mapeada e chegar mais perto de um ponto específico de onde pode ter partido o vazamento.
"O ponto inicial seria entre 600 e 700 quilômetros, e [a área] entra um pouco mais pro Atlântico. Estamos nesse momento trabalhando para tentar diminuir essa área. Não temos um ponto de vazamento, temos uma área grande no meio do Oceano que é uma área de provável origem do óleo".
Se ainda não foi possível ter um resultado conclusivo sobre a área do vazamento, tampouco há condições de afirmar quando ele ocorreu. Segundo Assad, as informações atuais apontam para o início de agosto, um mês antes dos primeiros registros de petróleo na costa, o que se deu em 2 de setembro.
"É uma análise ainda preliminar. A gente ainda não tem como afirmar isso", pondera.
O pesquisador explica que, ao ser lançado no mar, o óleo sofre transformações em suas características físico-químicas, que fazem com que ele afunde até uma camada subsuperficial do mar. Apesar de pequena, a profundidade é suficiente para que ele passe despercebido por satélites.
Assad conta que o trabalho também inclui calcular o possível alcance que o óleo pode atingir no litoral brasileiro. O pesquisador considera difícil precisar quanto tempo o estudo ainda pode levar, mas ele acredita que serão necessários, ao menos, um mês a um mês e meio.
Fonte: Com Agência Câmara de Notícias e Agência Brasil