Como vingança por ele ter trocado o tráfico pela milícia, a facção criminosa Comando Vermelho (CV) planejou usar de 40 a 60 fuzis para capturar o miliciano Felipe Ferreira Carolino, o Zulu, quando ele foi preso no dia 20 de maio deste ano, segundo relato do próprio à polícia.
Quando foi preso, Zulu contou que os traficantes de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, queriam matá-lo por ele ter se associado à milícia de Wellington da Silva Braga, o Ecko, a Liga da Justiça.
Após tentar resistir a prisão, ele pediu aos policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO) que o levasse imediatamente para a unidade especializada porque estava com medo de morrer. Segundo o que relatou, havia um valor estipulado pelo CV para matá-lo.
Quando foi preso, Zulu estava comandando as favelas de Antares e do Rodo, que antes eram dominadas pelo tráfico e passaram para as mãos da milícia no ano passado. Zulu era gerente destas comunidades quando o CV detinha o poder. Os traficantes expulsos se refugiaram na Vila Kennedy.
"Ele passou para a milícia em meados de 2016 e 2017 e nos anos seguintes, estava ao lado de Ecko", revelam os autos.
A investigação concluiu que Zulu participou das invasões da milícia nas comunidades da Praça Seca que estavam sob domínio do CV e que ele teve acesso à várias técnicas de investigação por intermédio de policiais. Supostos vazamentos de operações teriam impedido por muitas vezes agentes de prendê-lo.
Com Zulu, foram apreendidos coldres, roupas, calçados e acessórios táticos, além de um drone, pistola da marca 'Glock', calibre .40, número de série ABRD772, três carregadores para pistolas calibre .40, 23 munições calibre .40, três munições calibre 38 e um carregador para fuzil calibre 5.56 . Em seu perfil no site de relacionamentos ´Facebook´, constavam inúmeras fotografias do denunciando utilizando roupas e materiais táticos e ostentando armas de fogo, inclusive fuzis.
Ele teria confessado aos policiais que matou uma pessoa e que mandou a foto da vítima sem a cabeça. A imagem foi remetida para uma delegacia, que apura o caso.
Consta ainda a informação que Zulu produzia Fake News para incriminar policiais.
O miliciano foi condenado em setembro a 16 anos e seis meses de reclusão pelos crimes de organização criminosa e porte ilegal de armas de uso restrito. Antes da sentença, porém, havia dito que estava confiante de que em um ano estaria fora da cadeia.
A milícia de Santa Cruz implantou estrutura de poder paralelo armado e esquema lucrativo de cobrança compulsória, extorsionária. de quantias em dinheiro, a título de 'taxa de segurança' ou 'arrego', 'gatonet', etc.
A organização criminosa visa, precipuamente, obter, pela intimidação e violência de suas ações indevida vantagem pecuniária, exigida de comerciantes e moradores em variadas localidades no bairro de Santa Cruz e adjacências, compondo eles complexo esquema criminoso, cujos membros delinquentes associados, a pretexto de livrar a localidade de outros malfeitores e de garantir às vítimas que elas não venham a sofrer por parte deles represálias contra a integridade física e patrimonial. Há a prática de roubos, receptações, sequestros, torturas, homicídios, ocultação de cadáveres, crimes da lei das armas de fogo, entre outros.