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Eduardo Bolsonaro se retrata em vídeo, após apoio a novo AI-5

Presidente da República lamenta fala do filho mas considera em parte distorcida

Por Leonardo Pimenta em 31/10/2019 às 23:56:55

Foto: Fabio Pozzebom/ Agencia Brasil

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) causou polêmica, nessa quarta (31), no meio político, ao apoiar um "novo AI-5" em uma entrevista à jornalista Leda Nagle. A jornalista havia perguntado a opinião do parlamentar sobre as mudanças políticas na América do Sul e o resultado das eleições na Argentina. Eduardo, em resposta, mencionou os problemas políticos envolvendo o Chile e, ao citar países considerados socialistas e de esquerda, como Venezuela e Cuba, sugeriu a volta de uma nova ditadura no Brasil.

"Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual à do final dos anos 60 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando executavam-se e sequestravam-se grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, de militares. Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E a resposta, ela pode ser via um novo AI-5, via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como aconteceu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada", disse Eduardo Bolsonaro na entrevista".

A fala de Eduardo Bolsonaro repercutiu negativamente no Congresso Nacional, onde vários políticos de partidos de esquerda e de direita repudiaram a atitude do deputado federal. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), emitiu uma nota em que considera "repugnante" a "apologia reiterada a instrumentos da ditadura e que é passível de punição pelas ferramentas que detêm as instituições democráticas brasileiras".

"Manifestações como a do senhor Eduardo Bolsonaro são repugnantes, do ponto de vista democrático, e têm de ser repelidas com toda a indignação possível pelas instituições brasileiras", afirmou Rodrigo Maia.

Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), considerou "um absurdo um agente político fazer uma incitação antidemocrática".

"É lamentável que um agente político, eleito com o voto popular, instrumento fundamental do Estado democrático de Direito, possa insinuar contra a ferramenta que lhe outorgou o próprio mandato. Mais do que isso: é um absurdo ver um agente político, fruto do sistema democrático, fazer qualquer tipo de incitação antidemocrática. E é inadmissível essa afronta à Constituição", falou Davi Alcolumbre.

Os partidos de oposição, como PSOL, PT, PSB, PDT, PCdoB e Rede, entraram com uma representação no Supremo Tribunal Federal e planejam ir ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro por quebra de decoro e pedirão a cassação do mandato do parlamentar.

"É inaceitável que um deputado que jurou defender a Constituição ameace o país com a volta da ditadura. Isso é quebra de decoro e causa para cassação de mandato. O povo brasileiro não aceita e não tolera o fim da democracia. O presidente e sua família foram eleitos pela via democrática e juraram defendê-la. E democracia não combina com AI-5 ou qualquer outra medida autoritária", disse o deputado Alessandro Molon, um dos parlamentares que assinou o documento.

Eduardo Bolsonaro pede desculpas após repercussão

O deputado federal Eduardo Bolsonaro fez um vídeo em uma rede social, onde se retrata pela declaração dada ao canal da jornalista Leda Nagle.

Eduardo Bolsonaro diz na live que "não existe qualquer possibilidade de retorno do AI-5 e a minha posição é bem confortável e eu não fico nem um pouco constrangido de pedir desculpa a qualquer tipo de pessoa que tenha se sentido ofendida ou imaginado o retorno do AI-5. Esse não é o ponto que nós vivemos hoje no contexto atual do Brasil. A gente vive um regime democrático, nós seguimos a Constituição. Inclusive, esse é o cenário que me fez ser o deputado mais votado da história. Então, eu não tenho por que de eu descambar para um autoritarismo. Eu tenho ao meu favor a democracia. Agora, é óbvio que a oposição vai tentar pegar esteira na minha fala para tentar me pintar como ditador. Mas eu digo aqui, pode até ter sido uma resposta infeliz. Se pudesse refazê-la, faria sem citar o AI-5, para não dar essa polêmica toda. Mas, nós parlamentares, nós temos garantido na Constituição o direito à imunidade parlamentar por opiniões, palavras e votos. A imunidade, não para roubar, imunidade para falar. Assim, você conhece melhor o seu representante e vai ter oportunidade de, daqui a quatro anos, de votar nele, ou de não votar nele."

O presidente da República, Jair Bolsonaro, também comentou, na TV Bandeirantes, sobre as declarações do filho e considerou "em parte, distorcida" e que o "filho está pronto para se desculpar".

"A gente lamenta essa notícia, em parte, distorcida, mas meu filho está pronto para se desculpar, tendo em vista ter sido mal interpretado", disse. "O que a gente fica chateado é que qualquer palavra, num contexto qualquer, vira um tsunami. A gente lamenta. Ele sabe. Eu me policio muito no tocante a isso", declarou o presidente Jair Bolsonaro.

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