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Tráfico na Região Oceânica de Niterói cobrava propina de comerciantes e empresas

Valor chegava em até R$ 5 mil

Por Mario Hugo Monken em 06/11/2019 às 12:32:18

Traficantes que atuam em comunidades da Região Oceânica de Niterói aterrorizavam comerciantes e empresas cobrando taxas de segurança para que eles pudessem funcionar. Uma das exigências chegava a R$ 5 mil mensais.

Uma das participantes do esquema era Luana Rezende Nascimento Mendonça, a Luana Neurótica, presa na última terça-feira (5), na Praia da Boa Viagem, na Zona Sul da cidade. Ela foi flagrada em escutas telefônicas falando sobre as extorsões.

Segundo as investigações, a partir de setembro de 2017, os suspeitos começaram a praticar crimes de extorsão em face dos lojistas/comerciantes da região, numa autêntica forma de angariar mais ´fundos´ para o tráfico de drogas local.

Assim, nesta época, mantiveram contato telefônico com os lojistas exigindo o pagamento de uma ´contribuição´ para que pudessem continuar a exercer regulamente suas atividades, sob pena de represálias do tipo supressão de seus veículos, destruição de materiais de trabalho, e outras do tipo.

Nos autos consta que os funcionários de um depósito de gás, localizado na Avenida Central Ewerton Xavier, em Itaipu estavam recebendo ligações telefônicas, feitas por interlocutores desconhecidos, desde 01 de setembro de 2017, nas quais era exigida uma ´colaboração´ para garantia da realização de suas atividades na região, que inclui a comunidade do Pau Roxo, e, caso não houvesse este ´pagamento´, a empresa enfrentaria algumas consequências, tais como queima de veículo de entrega, proibição de abertura de suas portas, dentre outras mais violentas. Exigiu-se, em uma das ligações, o valor de R$ 3.500,00 para que os proprietários e empregados pudessem ´trabalhar em paz´.

As ligações foram feitas de um telefone celular e o nome de ´GD´ (já identificado como um importante chefe do tráfico de drogas desenvolvido no local) foi indicado para ser procurado pelo gerente do estabelecimento comercial a fim de que a negociação fosse efetivada.

No decorrer das investigações, foi verificado que um inspetor de segurança de uma empresa de telefonia seguiu para a comunidade do Pau Roxo para conserto de cabos que haviam sido cortados, oportunidade na qual foi informado por um homem negro, magro e baixo que deveria pagar um ´pedágio mensal´ para o tráfico local a fim de que o funcionamento da torre pudesse ser mantido. A sua chefia também recebeu telefonemas ameaçadores, exigindo a realização do pagamento do ´pedágio´.

Foi feito também cobranças ilegais a um comércio de venda de refeições.

Interceptações telefônicas revelam conversas dos bandidos falando sobre as extorsões. Um diálogo travado entre entre GD e Luana revela o esquema: ´Vou começar a prender os bagulho do gás, da Avenida Central, todo dia, vão ter que dar 5 mil reais por mês, cada um tem que dar 5 mil reais por mês; eles abastecem Itaipu, a praia toda! Deixa um gás só, rouba uns 3, 4 caminhão de gás e deixa só o gás da firma, aí vamo comprando pistola, comprando arma (...), já comprou 2 'au au', 2 oitão, que matou o guarda, já falei com ele, vai deixar os 2 comigo, aí vou conversar com esses menó ai, coe menó, vocês tão duro, é isso, é isso, é isso, o papo é esse...´ (sic)

Um dos objetivos da quadrilha em extorquir as vítimas era obter dinheiro para comprar armas, segundo aponta a investigação.

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