Deputado Coronel Tadeu destrói obra sobre o genocídio negro no Brasil
Para o parlamentar, o quadro ofendia o trabalho dos policiais militares
Por Jonas Feliciano em 19/11/2019 às 21:15:48
Imagem: Taliria Petrone
No final da tarde desta terça-feira (19), o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou um quadro de uma exposição no Congresso Nacional. A obra do cartunista político Carlos Latuff abordava o Genocídio da População Negra. A atitude do parlamentar gerou revolta entre outros políticos como Taliria Petrone (PSOL-RJ) David Miranda (PSOL-RJ) e Benedita da Silva (PT-RJ). De acordo com imagens que circulam nas redes sociais, houve tumulto e bate-boca entre os envolvidos. Aos gritos de racista, Tadeu saiu do local sem dar maiores explicações.
Em seu perfil oficial no Twitter, a deputada Taliria publicou um vídeo do momento exato em que o Coronel Tadeu destruiu o trabalho artístico, por discordar do cartaz. Pela rede, o autor do quadro também se pronunciou sobre o ato desnecessário.
"Essa agressão de um policial militar, que por acaso também é um parlamentar, contra uma charge exposta no Congresso Nacional e que denuncia a violência policial, nos leva a seguinte reflexão. Se fazem isso contra um cartaz, imagine contra gente de carne, osso e pele negra!", lamentou Carlos.
Em outro post, Latuff questionou sobre qual será a postura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
"Já estou BEM acostumado a isso. Principalmente quando o assunto é violência policial. Resta saber se a Câmara dos Deputados na pessoa de @RodrigoMaia vai se dobrar a mais essa tentativa de censura", perguntou. Antes de destruir a manifestação, o Coronel Tadeu postou um vídeo em suas redes sociais criticando a charge de Latuff e justificando o porquê da sua postura. Nas imagens, ele condenou o teor do cartaz.
"Policiais não são assassinos. Policiais são guardiões da sociedade, sinto orgulho de ter 600 mil profissionais trabalhando pela segurança de 240 milhões de brasileiros", escreveu o deputado. Claro que o racismo é crime. É a coisa mais abominável hoje no seio da nossa sociedade brasileira e mundial. Isso é racismo: policial de boina preta, arma na mão, sujeito negro... Isso é o quê? Quer dizer o quê? Que a polícia só mata preto? Isso aqui não vai ficar na parede. Isso é contra a polícia. Polícia tá pra defender a sociedade. Um abraço pra vocês e eu vou queimar esse cartaz aqui que não deveria tá aqui", disse arrancado o trabalho do local.