No próximo sábado (30), alguns moradores do bairro de São Cristóvão, na Zona Norte carioca, vão se reunir por uma boa causa. Os residentes da Rua Almirante Baltazar se encontrarão para defender o direito de cantar do Galo da Almirante. A manifestação é uma tentativa de mostrar para a vizinha que tem denunciado o proprietário de um galo da região, que o canto da ave é um exercício do seu instinto natural.
De acordo com o relato do contador e dono do galo, Jonas Soares, 63, por diversas vezes, a pessoa que se sente incomodada lhe denunciou a prefeitura e também a Polícia Militar do Rio de Janeiro.
"Na realidade, eu tenho dois filhos. Um tem cinco e o outro tem dois anos. Eu comprei dois franguinhos para que eles interagissem com os animais. Uma das minhas crianças tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e está fazendo uma terapia continuada. Ele é acompanhado por psicólogo, psicoterapeuta, faz natação, entre outras atividades. Como moramos em uma casa que tem quintal, vi que tínhamos espaço para criar as duas aves. Entretanto, eu não contava que, quando o frango crescesse, o seu canto fosse incomodar os vizinhos. Eu também não imaginava que o galo fosse cantar", contou Jonas.
O empresário ainda afirmou que seu objetivo não era causar transtornos aos outros. Ele também disse que só pensou em ajudar os filhos a ter contato com os animais.
"Como quase todas as crianças, eles conhecessem a galinha pintadinha. Pensei em materializar esse personagem. Por isso, eu comprei. Certo dia, de repente, eu recebi a visita de dois guardas municipais. Segundo eles, a corporação havia recebido a denúncia de uma vizinha de um prédio próximo a minha casa. Em seguida, a mesma pessoa fez outra denúncia à Polícia Militar. Entretanto, em todas as ocasiões, os agentes disseram que não podiam calar o galo. Inclusive, questionaram a falta noção e o sentimento que leva uma pessoa a querer calar o animal. Tanta coisa importante pra resolver e ela se importando com um galo", lamentou.
Jonas relatou que recebeu a orientação de que nada poderia ser feito. Afinal, não teria como fazer o galo parar de cantar. Além disso, ele ressaltou que a galinha põe ovos saudáveis que ajudam na alimentação das crianças. Gabigol e Anita já são como membros da família.
Para piorar as coisas, ao perceber que as suas denúncias não surtiram efeito, a vizinha passou a jogar dejetos da sua janela para o quintal do Jonas. De acordo com ele, a mulher arremessa desde fezes até lixo. Agora, se ela não mudar a sua postura, o contador pretende buscar na justiça uma proteção para a integridade física da sua família.
"Nós moradores da Almirante acompanhamos essa história. O Jonas comprou um pinto, que virou um frango e depois um galo. Também sabemos que um dos filhos dele é especial e que as aves foram um presente para as crianças. Quando o galo cresceu, ele passou a cantar. Normalmente, começa às 4h da manhã e vai até umas 9h. Com isso, alguns moradores passaram a reclamar e a denunciar o barulho", confirmou Luís.
O jornalista ainda contou que a partir daí, ele e outros vizinhos resolveram brincar com o fato.
"Daí que surgiu a ideia do bloco Galo da Almirante, que também nasceu em defesa dos animais e também do galo. Afinal, uma de suas principais prerrogativas é poder cantar e ninguém pode proibí-lo de fazer isso, mesmo que cause incômodo. Não sabemos como vai ser resolvido, mas decidimos transformar o caso em uma grande brincadeira", adiantou.
A celebração do direito de cantar do Galo da Almirante, o Gabigol, vai acontecer às 16h, no bar do Seu Cristóvão, próximo à residência do personagem principal desse enredo. Inicialmente, segundo os organizadores, será o primeiro encontro do grupo. Já sobre o futuro do bloco, eles afirmaram que está muito cedo para saber se a iniciativa vai resistir até o carnaval de 2020. Por enquanto, todos estão convidados a participar da reunião do fim de semana.