Empresas cariocas investem em modelo de franquias para fugir da crise

Mesmo em um cenário econômico desafiador, o mercado de Franchising no Rio mostra sua força e resiliência. Segundo o mais recente balanço da Associação Brasileira de Franchising - ABF, o mercado de franquias do Estado faturou cerca de R$ 15,8 bilhões em 2017, o que representa cerca de 10% do faturamento do mercado nacional de franquias no período, que foi de R$ 163,319 bilhões.

A maioria das redes fluminenses atua nos mercados de Alimentação (34,9%), Saúde, Beleza e Bem-Estar (17,5%), e Moda (12,2%) o que mostra que o Estado está alinhado com o mercado nacional. De acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) o Rio de Janeiro é o segundo estado brasileiro em quantidade de rede de franquias, ficando atrás somente de São Paulo. O estado conta com 320 marcas e mais de 13 mil lojas em operação.

Empresas pensam novas alternativas de investimentos

O exemplo mais recente de investimento de franquias é da empresa carioca Mustache Barbearia, que expande seus negócios com a expectativa de inaugurar, ao menos, cinco lojas até final do ano em todo Brasil. A empresa fecha parceria com FBU Holding, uma das maiores aceleradoras de iniciativas do país. "Essa iniciativa foi uma saída para manter os negócios em tempos de crise e crescer. Eis o desafio, diz Herbert Henn, sócio da empresa.

Com uma fábrica, três lojas próprias e quatro franquias no Rio de Janeiro, a Deep Freeze, empresa pioneira de alimentos artesanais prontos congelados, inaugurada há 36 anos na Tijuca, vai abrir a primeira loja fora do Rio de Janeiro. Com previsão de inauguração em agosto, a franquia em Santos, São Paulo, terá 170 metros quadrados, um investimento inicial de R$ 200 mil e vai operar em toda a Baixada Santista.

Outro caso é da empresa carioca de alimentação Dagosto Bistro, rede de fast bistro, especializado em comida feita sem conservantes e totalmente produzida na própria cozinha. A rede conta com três unidades localizadas no Rio de Janeiro. No ano passado, obteve faturamento de R$ 3,5 milhões e a ideia é inaugurar, pelo menos, mais 10 até o final de 2018.

Panquecas de queijo da Deep Freeze, empresa pioneira de congelados no Rio.

Mercado de franquias cresce no Rio de Janeiro

O mercado do Rio de Janeiro cresceu 10% em número de redes atingindo o patamar de 578 marcas em operação. Além disso, em unidades expandiu 6% com 9.304 pontos de venda. "Mesmo com toda a instabilidade, estes números refletem a força do mercado fluminense. O Estado possui grandes marcas com força atuante em todo o País e está enfrentando com muito profissionalismo e dedicação o desafiador cenário econômico. As redes do setor têm trabalhado duro para manter e expandir seus negócios com a certeza de que há boas oportunidades para se reinventar e crescer", afirma Eliane Bernardino, presidente da Seccional Rio de Janeiro da ABF.

Os números da ABF balizam o mercado e são utilizados pelo próprio setor, além de instituições financeiras e órgãos governamentais. "A apuração de dados do setor é fundamental para o esclarecimento e a análise do mercado e para a melhoria do sistema de franchising. Com essa pesquisa, podemos traçar estratégias para proporcionar aos nossos parceiros e associados um aprofundamento da análise sobre as diversas áreas que envolvem o franchising", destaca a executiva.

O Modelo de Franquias

Um dos principais fatores que leva as empresas a trabalhar no formato de franquias é que este modelo permite que o franqueador aumente sua base de atuação em um ritmo muito mais veloz do que lhe seria possível se dependesse apenas de seus recursos próprios para instalar, operar e gerir novas unidades, afirma Henrique Gutterres, o professor de MBA.

Por outro lado, segundo o especialista, como qualquer outra opção de negócio conhecida, existem algumas desvantagens em se operar através do franchising, um das maiores é a perda de controle sobre os pontos de vendas, deficiência na estrutura de comunicação.

Empresa Mania de Passar, à esquerda José Ribamar, franqueado e funcionários da empresa.

Algumas Dicas do Especialista para Franqueadores e Franqueados

1. Conversar com que está no ramo, saber ouvir críticas e seguir as regras de quem conhece o negócio;

2. A preparação para o negócio dar certo tem de ser feita dos dois lados. Quem compra uma franquia não vai receber todas as soluções prontas de como gerir os negócios. O que as redes fazem é indicar fornecedores, desenvolver campanhas de marketing e ajudar no aspecto coletivo do empreendimento.

3. Ler e entender a lei de franchising, o código de defesa do consumidor e como atender bem o cliente é um bom começo.

4. Definir bem o perfil do franqueado.ideal

5. Administrar diferenças culturais e regionais

6. Obter o registro da marca com a maior antecipação possível, de cada um dos produtos, quando for o caso e de qualquer diferencial desenvolvido que possa ser registrado.

7. É fundamental que o dono da franquia esteja representando o franqueador com suas ideias e modelos. Tende a não darem certo as franquias cujo o franqueado delega ou transfere a administração a terceiros.

8. O negócio deve ter características tais que tornem viável sua implantação sem maiores dificuldades e sem a necessidade de investimentos altíssimos por parte de cada franqueado.

Questões Jurídicas sobre Franquias

O franqueador oferece todo o seu "know-how" administrativo, de marketing e publicidade, bem como uma licença de uso de sua marca e, em contrapartida, exige do franqueado o pagamento de royalties e um estrito atendimento a suas regras e normas internas. Ele possui uma marca e modelo de negócio padronizado e multiplicável, já pré-testado e de eficácia comprovado no mercado. É isso que acaba por atrair o interesse do franqueado em assinar um contrato de franquia.

"As questões mais debatidas entre franqueados e franqueadores, quando há uma disputa litigiosa, estão relacionados à falta de pagamento de royalties (pelo franqueado); ou ausência de suporte técnico e transferência de know-how (pelo franqueador), por isso é necessário estar atento a questões jurídicas sobre o assunto para evitar dor de cabeça", explica Felipe Rocha, advogado da Rocha Barbosa Propriedade Intelectual.

Algumas dicas Jurídicas para Franqueadores e Franqueados

1- Conte sempre com o auxílio de um advogado;

2- Faça uma reflexão sobre o perfil exigido pelo franqueador. Ou seja, verificar se há exigência (e disponibilidade) de dedicação exclusiva ao negócio;

3- Seja curioso; tire suas dúvidas; pesquise. Converse com outros franqueados antes de assinar um contrato de franquia de determinada marca;

4- Atenção aos prazos fixados em lei, em especial à entrega da circular oferta de franquia (COF), por quanto sua inobservância pelo franqueador poderá acarretar na anulabilidade do contrato e exigência de devolução de todas as quantias que já houver pago ao franqueador . Vale lembrar que a COF deve ter todas a informações exigidas pela lei 8955/94, tais como balanços e demonstrações financeiras; indicação precisa de todas as pendências judiciais em que estejam envolvidos o franqueador; descrição detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado;

5- Fique atento às cláusulas pertinentes à rescisão do contrato, em especial à clausula de não concorrência, que fixará um prazo em que o franqueado ficará impedido de exercer a mesma atividade empresarial em que o franqueador atua;

6- Fique atento a exclusividade territorial;

7- Verifique a proporcionalidade e razoabilidade de eventuais multas contratuais;

8- Veja quais são suas obrigações e deveres contratuais.

A ABF Franchising Expo 2018

A 27ª edição da ABF Franchising Expo 2018 reuniu cerca de 400 marcas expositoras com mais 65 mil pessoas nos quatro dias do evento, de 27 a 30 de junho, em São Paulo. A feira oficial do franchising brasileiro, promovida pela ABF - Associação Brasileira de Franchising, nos 31 mil m² de exposição, teve modelos de franquias com investimento inicial de menos de R$ 10 mil até mais de R$ 1 milhão, de inúmeros segmentos como Alimentação, Moda, Serviços Educacionais, Saúde, Beleza e Bem-Estar, Casa e Construção, Entretenimento, Limpeza e Conservação, Hotelaria e Turismo, Serviços Automotivos e Comunicação, Informática e Eletrônicos.