Mais de cem funcionários e pacientes do Hospital Federal de Bonsucesso, no bairro de mesmo nome, na Zona Norte do Rio, se manifestaram pela terceira vez, este mês, esta segunda-feira, contra a falta de insumos, medicamentos e profissionais na unidade, o que vem impedindo a realização de consultas, exames e cirurgias. O ato ocorreu na Praça da Liberdade, no pátio da unidade. Os manifestantes planejam parar as atividades da unidade em 10 de agosto, em protesto pela permanência da atual direção.
"Faltam medicamentos e mais de duzentos itens de laboratório, como cálcio e proteínas. Também ficam em falta materiais básicos, como seringas, agulhas, cateteres, fios de sutura", afirmou o doutor Júlio Noronha, médico da unidade e delegado da Federação Nacional dos Médicos (Fenam). "Vamos parar até a atual diretoria sair. Pedimos ajuda nessa causa por uma saúde pública de qualidade. Precisamos de gestores comprometidos com a saúde e não com políticos", contou Noronha.
Profissionais compram as próprias luvas descartáveis
Durante a manifestação, os profissionais denunciaram que estão tendo que comprar suas luvas descartáveis, já que estas estão em falta na unidade. Várias cirurgias são adiadas por falta de pessoal e materiais e algumas só são realizadas porque os pacientes se dispõem a trazer de fora os materiais necessários.
O primeiro protesto ocorreu no dia 4 de julho e a segunda, no dia 12. No dia 17, representantes dos funcionários se reuniram com membros da Comissão Especial Externa dos Hospitais Federais da Câmara dos Deputados, que se comprometeu a entregar carta ao Ministério da Saúde pedindo a exoneração imediata de toda a diretoria.
O hospital fica na Área de Planejamento 3.1, que compreende os bairros de Bonsucesso, Brás de Pina, Ilha do Governador, Maré, Complexo do Alemão, Penha, Parada de Lucas, Cordovil, Vigário Geral, Complexo da Maré, Manguinhos, Ramos, dentre outros. A unidade é a única pública no estado que faz transplantes de rim. Noronha, a falta de insumos faz com que pacientes tenham que fazer seus procedimentos em outras unidades, como o Instituto Nacional do Câncer, no Centro do Rio.
Direção divulga comunicado
À tarde, a direção do hospital divulgou nota, informando que está abastecido de insumos e materiais e que todos os serviços estão em pleno atendimento, inclusive no setor de emergência, onde atende em média 60 pacientes por dia. É um setor que funcionou todos os 204 dias deste ano para atender a casos de emergência hospitalar. Os demais casos que chegam direto e sem regulação à emergência do HFB, como doenças crônicas, por exemplo, são redirecionados às unidades municipais e/ou estaduais, responsáveis por esse tipo de atendimento, conforme destacou a direção da unidade.