Investigações revelam como agia uma quadrilha formada por PMs lotados no setor de Inteligência da corporação presos em novembro suspeitos de se fazer passar por agentes da Delegacia de Pirataria (DRCPIM) para extorquir pequenos comerciantes com altas quantias em dinheiro. Sete agentes foram presos.
Valendo-se de seus vastos conhecimentos e de informações privilegiadas, eis que lotados na Subsecretaria de Inteligência, fazendo-se passar por policiais civis, abordavam pequenos comerciantes de diferentes bairros da capital e de municípios e da Região Metropolitana. Os comerciantes tornaram-se presas fáceis e altamente vulneráveis para o bando. De acordo com o inquérito, são sete os crimes apurados até o momento, sendo dois praticados em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, dois em Madureira, na Zona Norte da capital, e três em Campo Grande, na Zona Oeste.
Apresentando-se à paisana, usando veículos descaracterizados ou particulares, tipo utilitários, qualificavam-se de policiais civis lotados na Delegacia de Pirataria (DRCPIM)´. Assim, não titubeavam em alertar que sabiam que as vítimas negociavam algumas mercadorias sem notas fiscais.
Os suspeitos procediam a uma varredura nos estabelecimentos, inclusive na contabilidade e no sistema de informática, mesmo sem mandados de busca e apreensão.
Os militares agiam, em regra, acompanhados de uma equipe composta por quatro homens, em verdadeira organização criminosa e, vez por outra, contavam com o concurso de duas jovens policiais.
Os lesados eram colocados em situação de pânico. Ameaçados pela revelação, o passo seguinte era estabelecer uma torpe negociação: o pagamento de severas multas, acompanhadas da apreensão de bens, ou concordarem com o pagamento de certo valor em espécie, para que o ato constritivo não fosse concretizado. As vítimas acabavam optando sempre pela via aparentemente menos danosa, apesar de ilícita.
Foram colhidos diversos depoimentos, todos mencionando idênticos modus operandi.
Uma das vítimas declarou que estava integralmente apavorada ante a situação em que se encontra, mencionando que teme por sua integridade física e até mesmo por sua vida e, de igual modo, por seus familiares, já que os PMs envolvidos têm acesso a um amplo acervo de informações.
Segundo o inquérito, no momento das ações criminosas, os agentes da lei não estavam não estavam a serviço da corporação e nem agiram por ordem ou determinação de superior hierárquico. De acordo com relatos, as condutas certamente foram motivadas por lamentável cobiça, pela ânsia de ilícito acréscimo de bens.
Graças às imagens registradas por câmeras de monitoramento, tanto no interior de um estabelecimento comercial, tanto na rua, em frente ao local da abordagem, foi viabilizada a identificação dos policiais suspeitos.
A Justiça decretou a suspensão da função pública dos agentes envolvidos e determinou a prorrogação da prisão temporária dos suspeitos.
De acordo com os elementos constantes dos autos do inquérito policial, foi apurada a prática dos crimes de roubo, extorsão e associação criminosa. Além disso, há relatos de que os investigados, antes de sua prisão, tentaram obstar as investigações ao roubarem o computador de uma das vítimas no qual haviam imagens de circuito interno registrando o atuar dos suspeitos.