A péssima qualidade da água distribuída pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) nos bairros da Zona Norte e Oeste está levando os moradores a comprar água mineral. Desde a última sexta-feira (3), a população tem se queixado que a água tem vindo com uma coloração turva, além de sabor e odor desagradáveis. Não bastasse esse problema, que inviabiliza o uso da água, os moradores estão comprando galões de água mineral para manter as atividades rotineiras, já outros não tem condições para comprar.
"Estou há dois dias com dor no estômago, com fraqueza e mal consigo levantar da cama. A água esta com uma cor amarelada e com mal cheiro e não tenho dinheiro para comprar água mineral", afirma Marcelo de Souza, morador de Jacarepaguá.
Além de Jacarepaguá, os moradores dos bairros Paciência, Campo Grande, Ricardo de Albuquerque, Deodoro, Santa Cruz, Guaratiba, Costa Barros e Anchieta e da Baixada Fluminense vivem o mesmo dilema.
Nesta terça, a Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses do Rio – responsável pelo monitoramento da qualidade da água de abastecimento distribuída pela Cedae realizou a coleta de amostras da água para serem analisadas pelo Laboratório Municipal de Saúde Pública (Lasp). Até o momento não há informações sobre a análise, pois os resultados saem em 24 horas.
Ao Portal Eu, Rio! o infectologista da UFRJ, Edimilson Migowski, alerta que não se deve utilizar a água para beber ou preparar alimentos. "A água por definição é sem cheiro, sem cor e sabor. A principio ela está impropria para uso, pois há algum contaminante, que a gente não sabe qual é. Nesta situação, o ideal é que os moradores não utilizem essa água para beber ou preparar alimentos", afirma.
Diarreia, dores abdominais ou vômitos são alguns dos sintomas de quem já está contaminado pelas substâncias impróprias da água. De acordo Migowski é importante procurar um atendimento médico. "A água quando fervida pode matar vírus, bactérias e protozoários, mas se tiver produtos químicos esse processo é ineficaz. Apresentando esses sintomas por conta da contaminação, o ideal é procurar um médico para que seja prescrito uma medicação", lembra o infectologista.
Falta água na Baixada
Desde o Natal, os moradores de Mesquita, na Baixada Fluminense estão passando por um sufoco. Sem uma gota de água na torneira há praticamente 13 dias, muitos estão precisando acordar de madrugada para fazer o abastecimento na caixa além de deixar uma quantidade no reservatório.
Moradora da rua José Dias Guimarães, no bairro Coreia, Rose Ferreira (38), é preciso pedir ajuda a vizinhos. "Antes do natal estamos já estávamos sem água. Fizemos reclamação, mas até agora nenhuma solução para o caso. Pegamos água com os vizinhos que tem cisterna e quem tem criança pequena passa um sufoco com esse calor", relata.
O que diz a Cedae?
A Cedae disse em nota que "após análises finalizadas nesta terça-feira (07/01), técnicos da Cedae detectaram a presença da substância Geosmina em amostras de água. A Geosmina é uma substância orgânica produzida por algas e que não representa nenhum risco à saúde dos consumidores. Desta forma, a água fornecida pode ser consumida pela população.
A substância não oferece riscos à saúde, mas altera o gosto e o cheiro da água. O fenômeno natural e raro de aumento de algas em mananciais, em função de variações de temperatura, luminosidade e índice pluviométrico, causa o aumento da presença deste composto orgânico, levando a água a apresentar "gosto e cheiro de terra". Casos semelhantes ocorreram no Rio de Janeiro 18 anos atrás; em São Paulo, em 2008, e em municípios dos estados da Paraíba e do Rio Grande do Sul em 2018, por exemplo.
Cabe informar que as amostras já analisadas na tarde desta terça-feira (07/01) na Estação de Tratamento do Guandu não apresentaram alteração quanto ao cheiro e ao gosto, estando dentro dos padrões. Ao longo do sistema, porém, a água ainda pode apresentar gosto e cheiro alterados em alguns locais. Por isto, a Cedae continuará monitorando todo o sistema de abastecimento ao longo da semana.
Análises realizadas em unidades do macrossistema de abastecimento do Rio também estavam dentro dos indicadores estabelecidos pelas normas do Ministério da Saúde."
Quanto ao problema de água em Mesquita, a Cedae informou que em 24 horas os técnicos da empresa farão uma vistoria na localidade.