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Depressão pós parto atinge até 15% das gestantes

Tristeza, apatia, desalento e até rejeição ao bebê podem ocorrer nas mulheres

Por Portal Eu, Rio! em 10/01/2020 às 16:55:49

Foto: Divulgação

Janeiro Branco é o mês da saúde mental. E não se pode deixar de falar na depressão, questão que afeta pessoas no mundo inteiro. “Uma de suas vertentes é a depressão pós-parto que, na verdade, inicia-se, em geral, durante a gestação. Ela pode ser originada por uma tendência à depressão, já instalada na pessoa – e falo pessoa porque a depressão pós-parto atinge tanto a mãe quanto o pai do bebê – , ou por algum fator emocional, como um trauma ocorrido na gestação”, comenta Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein (SP).

Segundo ela, cientificamente falando, a depressão pós-parto é um quadro depressivo que se apresenta na mulher imediatamente após o parto ou até um ano depois deste momento. Os sintomas são caracterizados como tristeza, apatia, desalento e pode ou não ocorrer a rejeição ao bebê. As causas fisiológicas mais comuns do quadro depressivo pós-parto são as alterações hormonais bruscas que ocorrem com a mulher. Mas, existem casos que são apenas emocionais, principalmente nas pacientes que já apresentaram alguma depressão antes ou durante a gravidez ou naquelas que, por fatores diversos, como idade (muito novas ou mais velhas), condição sócio-econômica-cultural. “Uma paciente em condição financeira prejudicada ou de família desestruturada pode apresentar depressão pós-parto sem causas fisiológicas, sendo um estado puramente emocional. De qualquer maneira, seja o problema físico ou emocional, ele deve ser tratado imediatamente”, alerta Mariana.

Ela explica que a depressão pós-parto pode ter, como uma das principais características, a rejeição ao bebê, que pode se apresentar em níveis diferentes. “Existe um quadro chamado de Baby Blues, caracterizado por melancolia, sensibilidade amplificada e insegurança que chegam de repente, mas que não causam tristeza no puerpério. Esse quadro tende a passar logo, sem a necessidade de intervenção médica. Mas, se os sintomas perdurarem mais do que 30 dias ou forem muito intensos, é importante procurar o médico. Consideramos um sintoma clássico da depressão instalada a rejeição ao bebê, mas o diagnóstico só pode ser realizado pelo ginecologista ou psiquiatra e tratado por ambos”, explica a médica.

Entre 10% e 15% das mulheres passam pela depressão pós-parto. A duração do quadro depende muito da resposta da paciente à medicação. “Algumas melhoram imediatamente, mas, em casos graves, exige-se até mesmo a internação. O tratamento é feito com medicação e terapia”, ensina.

Mariana Rosário entende que o apoio familiar é fundamental nos casos depressivos no puerpério. “É preciso entender que a mulher não escolheu estar nesta situação. Ela precisa de carinho e compreensão para superar o momento – e julgamentos só pioram a depressão”, diz a médica.

Ela alerta para o fato de que existem homens com depressão pós-parto e que, para eles, o problema é ainda pior. “Os homens dificilmente procuram ajuda e não conseguem entender, de imediato, que estão com depressão pós-parto. Por isso, é imprescindível que recebam ajuda familiar”.

A profissional finaliza tranquilizando as gestantes: “Não é preciso ter medo de uma depressão aparecer, porque existe tratamento para o problema. Fazer um pré-natal completo, ter uma gravidez tranquila, cuidando da saúde e praticando atividade física são as melhores formas de prevenir o problema. Porém, se ele se manifestar, procure imediatamente apoio médico”.


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