Investigação revela que dois policiais militares, já presos, exerciam o controle da venda de gás liquefeito através de uma empresa associada ao tráfico de drogas da comunidade do Engenho, na Zona Norte do Rio. Com isso, garantiam o monopólio da venda do produto nesta localidade para os traficantes, além de intimidar comerciantes a não comercializar gás e obrigar moradores a comprar com eles.
A organização criminosa era chefiada, de dentro do presídio, por Marcelo Fonseca de Souza, conhecido como Marcelo Xará, que passava ordens ao filho Marcelo Junior Gomes de Souza para que fiscalizasse e atuasse junto aos outros suspeitos.
Em uma escuta telefônica, os bandidos combinaram de comparecer a uma padaria localizada à Rua Edmundo, um dos acessos ao Morro do Engenho, para coagir o dono do estabelecimento a respeitar a proibição de comercialização de botijões de gás, tendo em vista que o citado comerciante estaria vendendo o produto sem autorização.
" ..Amanhã eu vou brotar lá pra gente fazer isso, e vou levar aquele gordinho forte pra gente dar esse pega-ratão", disse um traficante.
Outra interceptação mostrou que um dos policiais envolvidos também praticava extorsões aos comerciantes do local, a fim de obter vantagem financeira.
A Auditoria da Justiça Militar, porém, alegou que não tinha competência para julgar o fato porque os delitos supostamente praticados pelos policiais não ocorreram com a utilização de bens ou da estrutura da corporação. O caso então foi repassado para a 38ª Vara Criminal.
Uma escuta mostrou um dos policiais envolvidos dizendo que não usava a viatura da PM porque chamaria muito a atenção. " de viatura esses moleques fica tudo olhando’, falou.