O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM- RJ) condenou, em suas redes sociais, na tarde desta terça (21), a ação do Ministério Público Federal que denuncia o jornalista Gleen Greenwald, do The Intercept.
Segundo Maia, a ação vai contra aos parâmetros destacados na Constituição Federal.
"A denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald é uma ameaça à liberdade de imprensa. Jornalismo não é crime. Sem jornalismo livre não há democracia", publicou, o deputado.
O MPF acusa o jornalista americano, Gleen Greenwald, por proteger os acusados de interceptação através das mensagens obtidas dos telefones das autoridades brasileiras, como do Ministro de Justiça e Segurança Sérgio Moro. Além Glenn, mais seis pessoas foram denunciadas.
Ao saber da ação, o jornalista do The Intercept prometeu defender o direito de liberdade de imprensa no país. "Nós vamos defender uma imprensa livre. Não seremos intimidados pelo abuso do aparato do estado nem pelo governo Bolsonaro", frisou.
Além disso, Gleen criticou o presidente da República em relação à liberdade de imprensa. "O governo Bolsonaro e o movimento que o apóia deixaram repetidamente claro que não acreditam na liberdade de imprensa: as ameaças de Bolsonaro à Folha, os ataques aos jornalistas pelo Bolsonaro incitando a violência, às insinuações de Sérgio Moro desde o início das nossas reportagens para nos classificar como 'aliadosde hackers' por revelar sua corrupções", disse.
Em conversa com os jornalistas no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro, foi questionado sobre a denuncia e ironizou: "Indiferente. Não devia nem estar... Onde está esse cara? Tá no Brasil, ele?", disse.
Logo após Bolsonaro afirmou: "Quem denunciou foi a Justiça, você não confia na Justiça?", em seguida um jornalista disse "Foi o MP."
Organizações e associações de imprensa defendem jornalista americano
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), afirmou que o Ministério Público Federal "ignora a Constituição Brasileira, que assegura a liberdade de imprensa", além de não lembrar da "decisão de 2019 do Supremo Tribunal Federal que determinou que o jornalista não fosse investigado no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal", conclui a nota.
Já a Associação Brasileira de Imprensa manifestou sua "irrestrita sol solidariedade" ao jornalista. A ABI chamou a denúncia de "inepta" além de representar um "atentado à Constituição brasileira" e desrespeitar "o STF e à Polícia Federal". Com isso, a associação conclui que a ação é uma "tentativa grotesca de manipulação, para tentar condenar um jornalista", concluiu a nota.
Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil a acusação "descreve fato que não pode ser considerado crime", pois qualquer "delito exige instigação ou colaboração efetiva para sua prática, e nenhuma das mensagens do jornalista incluídas no expediente do MPF indica qualquer desses comportamentos." Com base nisso a OAB afirma que a "denúncia criminaliza a mera divulgação de informações, o que significa claro risco para a liberdade de imprensa", frisa.