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Ataque da Liga da Justiça deu início a domínio de grupo em Rio das Pedras

Milicianos são liderados pelo ex-sargento da PM Dalmir Pereira Barbosa

Por Mario Hugo Monken em 31/01/2020 às 14:25:02

Milícia da comunidade Rio das Pedras se estabeleceu no local em 2007. Foto: Reprodução

Alvo da operação ontem do Ministério Público Estadual, a milícia da comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, controlada pelo grupo do ex-sargento da PM Dalmir Pereira Barbosa se estabeleceu no local em 2007 depois de uma invasão por parte da Liga da Justiça, apontada hoje como a maior organização paramilitar do Estado. Procurado também pelos agentes nesta quinta-feira (30), Paulo Barraco já fazia parte da quadrilha. Na época, ele efetuava cobrança de taxas de comerciantes.

Com o ataque, foi morto o então comandante da quadrilha de Rio das Pedras, o policial civil Félix dos Santos Tostes. A partir daí, a milícia passou a ser controlada por Dalmir, com ajuda do seu irmão Dalcemir, do então capitão PM Epaminondas de Queiroz Medeiros Júnior (outro alvo da ação de ontem), major Dilo Soares e Getúlio Rodrigues Gama, morto em 2009. Félix, por exemplo, era contra a cobrança de comerciantes.

Os paramilitares reforçaram o domínio mediante técnicas de intimidação contra os moradores e violência contra os opositores.

Os milicianos continuaram com o controle dos "negócios ilícitos", recebendo a "taxa" ou "pedágio" de moradores, comerciantes e daqueles que exploravam o transporte alternativo de passageiros (carros, vans e motocicletas), o comércio de botijões de gás e a distribuição de sinal de televisão a cabo (conhecido como "GATONET").

Sem falar na extorsão e furto de sinal de televisão, bem como homicídios qualificados, com o objetivo de manter o domínio imposto pela organização criminosa, controlando ainda a associação dos moradores local, utilizada como base de suas operações ilícitas. A taxa paga por moradores e comerciantes era de R$ 150 a R$ 200 por semana.

Os novos comandantes assumiram a propriedade da cooperativa de Transportes Alternativos Rio das Pedras e de diversos comércios e prédios na comunidade, recebendo participação nos "negócios ilícitos".

A viúva de Félix Tostes teria sofrido tentativa de homicídio. Ela foi contra cobrança de R$ 3 mil que deveria ser paga aos milicianos mensalmente. Os suspeitos também teriam deixado de fazer um pagamento de R$ 10 mil que ela teria direito.

Um outro antigo líder da milícia local, Josinaldo Francisco da Cruz foi assassinado em razão de uma disputa entre os paramilitares.

Outra suposta vítima do bando foi Adeildo Alves Cunha. Ele contraiu um empréstimo com integrantes da milícia no valor de R$ 1 mil mas os paramilitares estavam cobrando R$ 30 mil de retorno. O homem saiu da comunidade por dois anos mas retornou tendo feito um acordo para pagar R$ 5 mil. Não estava conseguindo quitar e apareceu morto.

A milícia também foi acusada de matar uma pessoa que contraiu um empréstimo em uma firma de factoring do grupo e não pagou. Haviam na época membros do grupo envolvidos com a chacina de Vigário Geral ocorrida em 1993 e que deixou 21 mortos.

A investigação gerou processo na Justiça e resultou, em 2013, na condenação de 16 pessoas a penas que variavam de sete a dez anos e seis meses de prisão. Entretanto na época, a Corte decidiu que os réus poderiam aguardar em liberdade.


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