A Justiça decretou a prisão preventiva de Orlando Oliveira de Araújo, o "Orlando Curicica", William da Silva Sant"Anna, Guilherme Anderson Oliveira Christensen e Renato Nascimento dos Santos. Os quatro são acusados pelo assassinato de Rafael Freitas Pacheco Silva e pela tentativa de homicídio contra Raquel Ferreira da Costa. O grupo efetuou vários disparos contra as vítimas, em novembro de 2015, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O juízo da 4ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro.
A prisão integraria uma estratégia de cerco ao bando de "Orlando Curicica", apontado por uma testemunha que tem a identidade mantida em sigilo por razões de segurança como participante da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista do mandato, Anderson Gomes, em 14 de março.
Os auxiliares de Curicica e colaboradores de vereadores como Marcelo Siciliano (PHS) foram chamados a depor pela Polícia Civil, como parte do inquérito aberto para investigar o assassinato da vereadora. Por determinação do Ministério da Segurança Pública implementada pelo Gabinete de Intervenção Federal, contudo, a chefia da Polícia Civil tem divulgado um comunicado-padrão em que invoca o sigilo de Justiça para negar a confirmação de quaisquer conclusões sobre o inquérito de Marielle.
Antes da imposição do sigilo, contudo, tanto o interventor na segurança do Rio, general Braga Neto, quanto o ministro Raul Jungmann, e o secretário de Segurança, general Richard Nunes, admitiram em público que o trabalho de Marielle Franco na CPI das Milícias da Alerj e na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, antes mesmo do mandato de vereadora, a colocavam na mira das milícias e estavam no centro das investigações sobre o assassinato.
Milícias disputam a bala 'Gatonet' na região de Jacarepaguá
Os denunciados, investigados por exploração de serviços clandestinos e cobrança de proteção armada ilegal, são acusados de terem atentado contra a vida de Rafael e Raquel por conta de disputas pelo controle de sinal clandestino de TV na região de Curicica. O crime aconteceu no dia 10 de novembro de 2015, na Estrada da Boiúna, na Taquara, em Jacarepaguá. Rafael, alvo principal do atentado, morreu no local. Raquel, mesmo atingida pelos disparos, conseguiu fugir e ser socorrida na UPA da Taquara.
"O exame dos autos revela que os acusados, que tiveram neste ato recebida a denúncia contra eles formuladas, são apontados como autores de um homicídio qualificado e de uma tentativa de homicídio qualificado. Efetivamente, a garantia da ordem pública estará comprometida, se em liberdade estiverem os denunciados, diante do modus operandi de que teriam se valido para a prática dos delitos", frisou o magistrado na decisão.