No início da tarde desta quarta-feira (12), o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (COREN-RJ) se posicionou oficialmente sobre o caso envolvendo uma agressão verbal a uma técnica de enfermagem do Hospital Nossa Senhora de Fátima, em Nova Iguaçu, na Baixada fluminense. O ato foi cometido pelo médico psiquiatra, Gilberto Luna, durante um atendimento na unidade de saúde e aconteceu na madrugada da última segunda-feira (10).
De acordo com o comunicado, a entidade está acompanhando o caso e deve realizar um ato de desagravo público em repúdio a postura do psiquiatra, bem como vai cobrar um posicionamento do CREMERJ
"Sobre o incidente no Hospital N. S. de Fátima, em Nova Iguaçu, onde um paciente, o médico José Gilberto Luna Sobrinho, agride a técnica de enfermagem com palavras de baixo calão e ameaças, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro informa que a preocupação, no primeiro momento, foi de apurar os fatos e acolher a agredida, assegurando que serão tomadas providencias jurídicas em seu apoio.
Desde ontem, a conselheira Rogéria Nascimento vem acompanhando o caso. Hoje à tarde, uma delegação do Coren-RJ irá ao Hospital N. S. de Fátima, em Nova Iguaçu, para apoiar a enfermeira responsável técnica e equipe de enfermagem.
Também será feito um Ato de Desagravo Público à técnica de enfermagem humilhada, em repúdio à atitude do agressor.
O Coren-RJ cobrará uma posição do Cremerj em relação à atitude do médico Gilberto Luna, que fere a ética da conduta profissional, uma vez que impõe seu título de médico para exigir privilégios e fazer ameaças usando desta condição como prerrogativa", concluiu o texto.
Vale destacar que, depois que o vídeo da agressão passou a circular nas redes sociais, Gilberto Luna fez uma postagem em seu perfil oficial do Instagram. Ele afirmou que não sabia que estava sendo filmado. No post que chamou de "Aos juízes", Gilberto tentou explicar o ocorrido e disse que estava sob efeito de bebida alcoólica. Por isso, teria se excedido e chamado a profissional de saúde de "incompetente", "miserável" e "fodida".
"O que ocorreu foi o seguinte: o meu centro médico está virando um centro hospitalar. Tem todas as especialidades médicas, a odontologia está fluindo, o centro cirúrgico também e nós não imaginávamos que fosse chegar a esse ponto, os funcionários e eu fomos comemorar ontem, como qualquer ser humano comum, que comemora quando está feliz. Então, alguns funcionários beberam cerveja, outros vinhos. E eu sou amante do vinho, eu gosto muito de vinho. Então, ontem, eu me excedi na quantidade de vinho e fui buscar atendimento pra hidratação no hospital. Chegando lá, como estava alterado pelo volume de vinho que eu tomei... com certeza fui incorreto em exagerar, mas a felicidade acabou me controlando... acabei mencionando... referindo palavras que não são palavras adequadas a uma funcionária... que eu não conheço e não lembro...", disse Gilberto.
No mesmo vídeo, ele pediu desculpas a técnica e a classe de enfermagem pelos transtornos e afirmou que tem amor por aqueles que ajudam os médicos no dia a dia. O especialista ainda ressaltou que, na ocasião em que agrediu a profissional, ele não era médico, mas sim um paciente.
"Naquele momento, eu não era médico. Naquele momento, eu era o Gilberto, pessoa. Eu não sou médico 24 horas. Assim como, um juiz não é juiz 24 horas. Nenhum delegado é delegado 24 horas... Nós temos nosso lado pessoal, eu também tenho. Eu cometi um erro. Assim como todos nós cometemos erros e pecados. Venho pedir desculpas aos pacientes, em primeiro lugar, que têm uma confiança absurda em mim e pedir desculpa a qualquer pessoa que esteja assistindo pelo meu ato de falta de educação", explicou.
Luna ainda ressaltou que jamais distrataria uma empregada. Ele sugeriu que as pessoas conhecessem seu lado profissional e pessoal, antes de julgá-lo. O médico também citou um trecho da Bíblia para reforçar suas palavras.
"Eu não costumo julgar ninguém. Está na Bíblia: "Não julgueis para não ser julgado". Então, eu não julgo ninguém. Mas se quiserem me julgar, fiquem a vontade... Mas antes disso... conheçam meu passado, a minha história... Mando um grande abraço para todos, principalmente, para os meus pacientes e meus funcionários. Eles sim me conhecem e, agora, vocês estão começando a me conhecer", concluiu.
O que diz o CREMERJ?
Na tarde da última quarta-feira (12), o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro emitiu uma nota por meio das suas redes sociais sobre o assunto. Veja a seguir:
"O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, por dever de seu ofício, deve responder apenas pela conduta dos médicos, durante o exercício profissional. Eles são avaliados, na forma de um devido processo ético, e caso sejam culpados são punidos. O CREMERJ já está tomando as providências, pois, mesmo fora de suas funções, o Conselho entende que as relações humanas devem ser respeitosas e gentis.
E por isto, o CREMERJ estimula a boa relação entre os profissionais de saúde e conduta ética dos médicos, no exercício ou não de sua profissão", afirmou a nota do CREMERJ.