Depois da polêmica criada pela Prefeitura do Rio sobre o horário de saída do Simpatia é Quase Amor em 2020, o bloco, que manteve seus desfiles às 16h, optou por fazer um carnaval mais poético, exaltando a própria experiência nas ruas do bairro em seus 36 anos de existência. Este ano, traz uma novidade: a nova porta-bandeira do Simpatia é a musa da Mangueira, Juliana Diniz, sobrinha de Leila Diniz. Juliana desfilou pela primeira vez no bloco aos 15 anos e, hoje, aos 48, recebe abandeira de Claudia Costa, no posto há quase 30 anos e que assumirá outras funções no bloco. Marco Rodrigues, o Marquinhos, que já foi o primeiro mestre-sala da Estação Primeira e desfilou com ela no Simpatia há 33 anos, vai dançar com a musa da verde e rosa.
O Simpatia é Quase Amor faz dois desfiles em Ipanema: o primeiro, amanhã (15) e o segundo, no dia 23 de fevereiro (domingo de Carnaval), saindo da Praça General Osório em direção à praia. A concentração do bloco começa às 14h. Esse ano, a camisa do bloco é assinada pela designer carioca Rose Vermelho. A letra foi escrita em conjunto por vários compositores do Simpatia, em um encontro no bar Paz e Amor, quando decidiram que seguiriam na composição por um caminho mais voltado à beleza do bairro, às qualidades do próprio bloco, e menos aos fatos negativos que povoam o noticiário.
Já o samba de 2020 tem um tom de crítica, mas dessa vez de forma mais sutil, em meio a versos que reverenciam Chico Buarque (Prazer, sou Simpatia é Quase Amor / A malandragem me conhece assim / Eu faço samba e amor até mais tarde / Quem é você pra querer mandar em mim?); Aldir Blanc, que inspirou o nome do bloco (Não põe hora no meu bloco...); e Beth Carvalho, que já gravou diversos sambas do Simpatia("Fantasiei de amarelo e lilás meu coração / E despertei no meio desse turbilhão / Vais me pagar, pode chorar / Vou festejar").
História do Simpatia
Desde o Carnaval de1985 se ouve: "Alô burguesia de Ipanema, olha o SIMPATIA aí, gente!", um grito de guerra irreverente que ecoa pelas ruas do bairro anunciando mais uma saída do "Simpatia é Quase Amor" que desfila pela orla arrastando uma multidão calculada em mais de 200 mil pessoas por desfile.
O "Simpatia é Quase Amor" já nasceu com a benção do que há de melhor no samba, no Carnaval e na cultura carioca. O bloco tem como padrinhos os saudosos Dona Zica da Mangueira e Albino Pinheiro, fundador e comandante da Banda de Ipanema. O nome foi retirado de uma personagem do livro de Aldir Blanc, "Rua dos Artistas e Arredores" – Esmeraldo Simpatia é Quase Amor-, que era um fanfarrão, conquistador e simpático, aliás, com a cara do bloco.
O Simpatia ou "Simpa", apelido como é carinhosamente reconhecido, arrasta uma multidão pela praia de Ipanema. Suas cores, amarelo e lilás, foram escolhidas baseadas em duas versões: a primeira é que seria uma homenagem à embalagem de um antiácido, famoso por viver nos bolsos dos precavidos amantes dos excessos etílicos e "boteco-gastronômicos". A outra seria com base nas cores de um biquíni que uma estonteante e legítima garota de Ipanema usava, passando exatamente na hora da escolha.
Sebastiana
O Simpatia é quase amor é um dos fundadores da Sebastiana – Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul,Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que reúne alguns dos mais tradicionais blocos de rua da cidade. A Sebastiana está completando 20 anos em 2020. Primeira formada no período pós-ditadura, reúne agremiações que surgiram nos primeiros momentos da abertura política, ainda nos anos de 1980, e também outras que foram criadas na década seguinte. Ao todo, os 11 blocos fazem 13 desfiles em Santa Teresa, Ipanema, Centro, Jardim Botânico, Copacabana,Laranjeiras, Botafogo e Leme.