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Comissão Popular da Verdade revela aumento da violência mesmo com a Intervenção

Relatório denuncia que mesmo com as Forças Armadas cresceu o número de mortes

Por Leonardo Pimenta em 28/07/2018 às 10:29:20

Foto: Leonardo Pimenta

A Comissão Popular da Verdade apresentou na última quarta (25,) na Faculdade de Direito da UFRJ, relatório sobre a Intervenção Militar no Rio. O relatório aponta que, nesses 6 meses da presença militar, ocorreu um aumento da violência em todo o estado, principalmente na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Os dados apresentados pelo aplicativo Fogo Cruzado e instituições apontam que 4005 tiroteios ocorreram na Região Metropolitana, sendo o número 37% maior que o acumulado dos cinco meses anteriores à intervenção e 60% em relação ao ano de 2017.

O quadro fica ainda mais grave quando é destacado, no documento, o número de mortes por arma de fogo, que é de 637 mortos contra 526 de feridos. Segundo o documento, os municípios de Belford Roxo e Duque de Caxias apresentaram um aumento significativo de mortes por arma, o equivalente a 55% e 67%, respectivamente. O município de Belford Roxo registrou um aumento de 161% nos tiroteios, e Mesquita, de 168%, comparados com os índices do ano anterior.

O aplicativo Fogo Cruzado apresenta ainda 28 casos com 119 mortos e 10 feridos em toda a região. Segundo o Instituto de Segurança Pública, entre os meses de março e junho, foram registradas 2358 vítimas, tendo uma redução de 2% antes da intervenção e um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Já nos confrontos em ações das forças de segurança, foram cerca de 507 mortes, o que corresponde a um aumento de 9% em relação aos quatro meses anteriores e de 28% em referência ao ano passado.

O Observatório da Intervenção fez um balanço sobre as 280 operações militares no estado do Rio de Janeiro. A organização afirma que foram 105 mil agentes envolvidos e 260 armas apreendidas. O número de apreensões de fuzis e metralhadoras corresponde a 39% a menos nos meses de fevereiro e maio, comparados a 2017.

Comissão Popular

A Comissão foi criada por organizações da sociedade civil e movimentos sociais para acompanhar violações dos Direitos Humanos cometidas na Intervenção da Segurança Pública. O lançamento oficial foi no dia 19 de abril, na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, e contou com a presença de autoridades e entidades sociais. Os integrantes se reuniram várias vezes e decidiram organizar o relatório apresentado.

Lançamento do Relatório

A Coletiva de Imprensa, para o lançamento do relatório sobre a Intervenção militar, contou com a participação especial da Deputada Benedita da Silva, do PT, com Marinete Silva, mãe da Vereadora Marielle Franco, e Monica Cunha, Coordenadora do Movimento Moleque e mãe de Rafael da Silva Cunha, morto por um policial civil em 2006.

Monica Cunha lembrou o caso do jovem Marcus Vinícius, de 14 anos, morto em uma Escola Municipal da Maré por policiais militares. Segundo Monica, foram 7 mortes naquele dia e somente o caso de Marcus ficou em foco, por ele estar vestido com a camisa da escola. Ela ressaltou que o estado não pode permitir esses assassinatos e que Bruna, mãe de Marcus, Marinete, mãe de Marielle, e outras tantas mães como ela não podem ficar com a mesma dor no peito pela perda de seus filhos.

Após a leitura do relatório, Virgínia Berriel, integrante da Comissão, explicou que esteve mais cedo no Gabinete de Intervenção para uma audiência de entrega do relatório ao general Walter Braga Netto, mas que foi adiada, sem data marcada.

A Assessoria de Comunicação do Gabinete de Intervenção Federal divulgou nota relatando que, devido à "indisponibilidade de agenda", não foi possível marcar uma audiência do interventor federal com a Comissão Popular da Verdade no horário solicitado.

Organizações Internacionais

O ator norte americano Danny Glover, que é embaixador das Nações Unidas para os direitos humanos e questões raciais, comprometeu-se, quando esteve no Rio, a encaminhar o documento àquele órgão, a fim de sensibilizar os congressistas americanos sobre a violação de Direitos Humanos a que está sujeita a população pobre e negra do Brasil.

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