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Violência policial assusta moradores de Saquarema

Durante o carnaval, saquaremenses relataram excessos dos agentes que atuaram na segurança

Por Jonas Feliciano em 26/02/2020 às 17:41:54

Imagem: Arquivo Pessoal

No último domingo (23), nas imediações do restaurante Garota de Itaúna, durante a dispersão do desfile do bloco Virgens de Itaúna, um homem identificado como Robson Moreira Brito, 23, teria sido agredido com golpes de cacetete na cabeça, por um agente público. O espancamento resultou em um traumatismo craniano e o jovem precisou ser submetido a uma cirurgia de emergência.

De acordo com o jornalista Julio Cesar Cruz, amigo e vizinho de Robson, depois da ação truculenta, a vítima foi conduzida até o Hospital Nossa Senhora de Nazareth. De lá, ele acabou sendo transferido para o Hospital Estadual Roberto Chabbo, em Araruama. Nesta unidade de saúde, foi operado e está em recuperação no Centro de Terapia Intensiva (CTI).

Robson é conhecido na região / Imagem: Reprodução do Facebook

Ainda segundo Julio Cesar, apesar de não ter sido identificado, o agressor seria integrante de uma das equipes do PROEIS (Programa Estadual de Integração na Segurança), que é uma parceria da prefeitura do município com o governo do estado do Rio de Janeiro. A partir do início de fevereiro, as equipes compostas por policiais de folga passaram a reforçar a segurança pública da cidade. Contudo, Julio denunciou que os grupos estariam agindo com truculência e força excessiva.

"Os agentes atuam com uma prática de violência muitíssima acelerada. Esses policiais não são de Saquarema e nem subordinados ao 25°BPM, responsável pela região. Desde o começo do carnaval, eles têm agredido sistematicamente as pessoas nas dispersões dos blocos, mesmo quando não há ocorrências de brigas ou confusões", afirmou.

Ele ainda disse que foi esse tipo de postura que os agentes tiveram no desfile das Virgens de Itaúna. Ao final do evento, por volta das 20h, um grupo teria chegado ao local já agredindo os foliões porque alguns estavam usando caixinhas de som.

"As agressões foram feitas com cacetetes. Há relatos que, depois de ter sido golpeado, Robson reagiu ao ataque com um soco no policial. O resultado é que ele acabou sendo atingindo por golpes violentos na cabeça. Até o momento, o que eu sei é que o Robson continua no CTI, mas já responde a alguns estímulos. Porém, segue com a memória comprometida e ainda precisa de cuidados", informou.

Embora os agressores não tenham sido identificados, Julio adiantou que vai continuar acompanhando o caso. Ontem (25), a mãe de Robson gez o Registro de ocorrência. Devido o seu estado, o jovem não foi ouvido pelas autoridades.

Outro caso

Vale ressaltar que mais um jovem também relatou o excesso de agentes da Guarda Municipal. O técnico de telecomunicações Douglas Menezes, 29, é morador do Rio de Janeiro, mas estava passando o período de folia na cidade litorânea. Na madrugada do dia 24, por volta das 2h, ele contou que ao ser abordado terminou sendo espancado e foi levado à delegacia. O motivo seria o fato de estar dirigindo uma moto sem capacete.

Imagem: Arquivo Pessoal

"Realmente, eu estava sem capacete. Então, eles falaram que iriam apreender minha moto e questionei, pois isso não era o procedimento correto porque eu era habilitado e não tinha bebido. Daí, começamos uma pequena discussão. Foi quando apareceu um agente e me deu uma paulada por trás, nas minhas pernas. Eu virei assustado e outro guarda apareceu me dando uma cacetada na cabeça. Foi tão forte que quebrou o cacetete", relatou Douglas.

Ele disse que diante da situação tentou correr, mas foi cercado novamente pelos policiais. Neste momento, sofreu mais agressões. Na ocasião, integrantes do PROEIS estavam presentes e não interfiram.

Imagem: Arquivo Pessoal

"Foi horrível. A sensação que eu tive é que eles iriam me matar. Em seguida, me levaram para um posto de saúde. Eu tomei ponto e fui levado para a delegacia. Na delegacia, fizeram um boletim de ocorrência, mas nem deixaram eu falar nada. Por causa das pancadas na cabeça, eu tava muito grogue. Mesmo assim, consegui ouvir que no depoimento deles, eu havia sido espancado pela população e isso não foi verdade", lamentou.

Na manhã desta quarta-feira (26), Douglas voltou a Saquarema e procurou à delegacia para recuperar sua motocicleta e registrar os fatos. O jovem foi submetido ao exame de corpo delito. Além disso, como foi enquadrado por desacato, vai responder judicialmente.

O que diz a PMERJ?

A reportagem do portal Eu,Rio! procurou a assessoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro para tentar esclarecer os fatos. A corporação não informou se houve alguma denúncia envolvendo os casos citados nesta matéria.

"Para situações consideradas inadequadas, a Polícia Militar disponibiliza canais através da sua Corregedoria para o recebimento de denúncias, onde o anonimato do denunciante é garantido. As denúncias podem ser realizadas por telefone pelo número (21) 2725-9098 ou ainda pelo e-mail: [email protected].

É importante ressaltar ainda que a avaliação da população ao nosso serviço é de extrema importância para a constante melhoria das nossas ações, podendo ser realizado através das redes sociais da Corporação, bem como da nossa Ouvidoria, através do 2334-6045 ou pelo e-mail:[email protected]",
disse a nota oficial da PMERJ.

O que diz a Prefeitura de Saquarema?

O portal também procurou a prefeitura do município, mas até o fechamento desta matéria não obteve nenhuma resposta.

Denuncie

A delegacia da região solicita que quem tiver informações que possam ajudar nas investigações para que os responsáveis sejam identificados e punidos, entre em contato com os seguintes telefones:

* 124ª Delegacia Policial: 22) 2655-3961

* Disque Denúncia: (21) 2253-1177


Fazer menção ao Registro de Ocorrência Nº 124-00778/2020 . O anonimato é garantido.




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