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Brasil monitora 132 suspeitas do novo vírus, ante 20 na véspera

Estados enviaram outros 213 casos, ainda à espera de análise pelo Ministério da Saúde. Pasta admite confiscar equipamentos de proteção, como máscaras e aventais

Por Cezar Faccioli em 27/02/2020 às 19:06:04

O o Ministério da Saúde ameaça proibir as exportações ou confiscar os produtos, caso não chegue a acordo hoje com os fabricantes de máscaras Foto Agência Brasil

O número de casos monitorados de novos coronavírus (Covid-19) no País subiu de 20 para 132. O aumento decorreu da ampliação para 16 do número de países com transmissão interna da doença. Não houve alteração dos critérios clínicos para o monitoramento: febre mais tosse, dor de garganta ou dificuldade respiratória. A única mudança foi ampliação da cobertura geográfica, de início restrita à província de Hubei, no Norte da China. Dos 132 casos já sob monitoração, nove são do Rio. O que desperta maior preocupação é um dos dois de Nova Iguaçu, em que um primeiro teste deu positivo para coronavírus. Para se conclusa ser este o segundo caso da doença registrado no Brasil, de pessoa vinda da Itália, é necessário aguardar o resultado da contraprova.

O aumento rápido do total de suspeitas decorreu também da confirmação do primeiro caso, um homem de 61 anos vindo do Norte da Itália. Com o fim do Carnaval e a reabertura dos postos de saúde e unidades de pronto atendimento, a procura por orientação médica cresceu muito. O cuidado dos profissionais com quem tenha vindo da Itália e apresente sintomas aumentou também, depois da confirmação.

O Ministério da Saúde ampliara, na segunda-feira (24), os critérios para definição de caso suspeito para o novo coronavírus. Agora, também estão enquadradas dentro desta definição as pessoas que apresentarem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar, e vierem da Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália e Malásia. Na sexta-feira (21), a pasta havia incluído Japão, Singapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja, além da China.

A decisão da pasta de aumentar o nível de segurança e sensibilidade da vigilância surgiu da preocupação que esses países têm gerado em decorrência da grande quantidade de casos do novo coronavírus nos últimos dias. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses países têm pelo menos cinco casos com transmissão interna da doença.

O Ministério da Saúde vai reforçar a campanha nos meios de comunicação para combater a velocidade de transmissão do novo coronavírus. Em linhas gerais, a campanha trabalha com as precauções de rotina: lavar as mãos com frequência, evitar ir ao trabalho caso adoeça, deixar a casa arejada, usar máscara em caso de contaminação.

Recusa de empresas em cumprir ofertas de licitação para equipamentos de proteção individual preocupa Ministério da Saúde, que estuda confisco de equipamentos

Por falar em máscaras, o Ministério da Saúde admite que a produção das participantes da licitação está comprometida em até 60 dias à frente, por conta das exportações. Se não for resolvido o impasse, na reunião marcada para esta sexta-feira (28/2), o Ministério da Saúde ameaça proibir as exportações ou confiscar os produtos. A China, epicentro da doença, proibiu as exportações, e estão sendo buscadas opções nos Estados Unidos e no mercado doméstico, onde está sendo constatado o problema nas licitações, em que por vezes todas as empresas classificadas deixaram de apresentar ofertas ao serem convocadas, nos termos do edital.

O departamento jurídico está estudando a viabilidade de, se necessário, suspender a participação em concorrências federais e mesmo, no caso de recursos repassados pelo Sistema Único de Saúde, licitações em outras esferas de governo, como Estados e Municípios. Não foram registrados, até o momento, problemas com o álcool-gel,de acordo com o secretario-executivo da pasta, João Gabbardo.

Os representantes do Ministério da Saúde descartaram mudanças de curto prazo nos controles de desembarque. Testes de temperatura, uma das medidas cogitadas, são inexequíveis e ineficazes, na avaliação da pasta. "A Polícia Federal informa que se ficarmos um minuto a mais com cada viajante chegado do exterior, provocaremos um caos. De cem que tenham o Cavid-19, somente oito vão ser pegos. Não vale a pena. O sintoma clássico, que é a febre, pode ser disfarçado com duas aspirinas uma hora antes do desembarque," exemplifica Gabbardo.

A Saúde recomenda evitar aglomeração em ambientes fechados, como ginásios e casas de show. A indicação é particularmente importante para o Sul do País, por conta das temperaturas mais baixas. Mesmo assim, áreas abertas, como estádios de futebol, podem manter suas programações sem alteração. Quem apresenta os sintomas, como febre alta e tosse forte e seca, ou dificuldade de respiração diante do menor esforço, deve evitar aglomerações.

Crianças, gestantes e idosos terão prioridade na imunização contra as cepas de gripe que já tenham vacina disponível, como a H1N1. Trabalhadores da área de Saúde são os primeiros, antes mesmo do público-alvo, para que não funcionem como vetores. Com o tempo, o acesso à vacina será estendido a toda a população, mas para não esperar a entrega completa pelos fabricantes, o processo começa com os profissionais de Saúde e os grupos potencialmente mais vulneráveis a contaminação.

Mesmo com o aumento exponencial das suspeitas, o Ministério da Saúde descarta um aumento proporcional das internações, diante das confirmações de muitos casos. O número de descartes, da quarta-feira (26/2) para a quinta(27/2), subiu apenas um, de 59 para 60, o que ilustra bem esse risco. Nada que altere a convicção do médico João Gabbardo, de cautela nas internações: "Colocar em contato um paciente com coronavírus e pacientes com sistema imunológico debilitado é arriscado para os dois lados. Exceções são casos, por exemplo, de infecção bacteriana sobreposta, que por isso demande antibióticos,e com isso internação hospitalar. O Sistema Único de Saúde tem, no setor público e no privado, profissionais qualificados para tomar as decisões corretas, que ofereçam aos doentes os recursos necessários e reduzam o risco de contaminação," concluiu Gabardo.

Fonte: Com site do Ministério da Saúde

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