Jovens músicos de favelas querem oportunidade para intercâmbio cultural na Alemanha

A Orquestra de Rua, formado por quatro jovens moradores dos morros da Mangueira, Providência e Macacos, favelas cariocas, está em busca de voos mais altos. O quarteto - Jessica D'Ornellas (violino, violoncelo e viola); Lucas Freitas (violoncelo); Juliane Souza, neta de Cartola (violino); e Glaucia Maciel (violino) - está buscando apoios e patrocínios para um intercâmbio cultural na Alemanha, especificamente nas cidades de Essen e Colônia, bem como em regiões como Renânia do Norte, Vestefália e Ruhrgebiet. Os colegas são estudantes de Música na UniRio que objetivam democratizar as canções eruditas junto aos moradores economicamente menos favorecidos, dando a possibilidade de apresentar instrumentos não usuais para um público desacostumado à musicalidade clássica.

O intercâmbio está sendo promovido por um grupo alemão formado por mulheres profissionais de música, sediado em Essen, chamado Ensemble Unterwegs, fundado há oito anos. Durante algumas semanas ao ano, elas saem em turnê pela Europa levando musicalidade, em eventos gratuitos ao ar livre, em diversas cidades europeias. A oportunidade de estar no berço da música clássica faz com que os jovens da Orquestra de Rua possam imergir na erudicidade. Os jovens poderão fazer networking musical, conhecer novas culturas, realizar um intercâmbio intensivo e atuar com os músicos do Ensemble Unterwegs, além de participar de ensaios com vários outros grupos de música de câmara. Eles também visitarão instituições e universidades musicais de renome na Renânia do Norte e Vestefália para apresentar seu trabalho a alunos de música alemães comparando os projetos musicais dos países, ambos projetados para ajudar crianças de bairros carentes.

A Orquestra de Rua está com uma "vakinha" online para a realização do sonho rumo à Alemanha. O link é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/das-favelas-do-rio-de-janeiro-a-regiao-do-ruhr-na-alemanha. O objetivo é levantar o valor para as despesas com as passagens aéreas. A expectativa é reunir R$25 mil até o dia 29/06. Os ritmos podem ser diferentes, mas a mensagem é universal. A Orquestra de Rua (do Rio de Janeiro, Brasil) e o Ensemble Unterwegs (Ensemble On the Road - de Essen, Alemanha) vêm de dois continentes e culturas completamente diferentes, mas têm o mesmo objetivo: compartilhar sua arte e torná-la acessível a todos.

A Orquestra

A Orquestra de Rua enfatiza a tradição musical das periferias incrementada à inovação. A idéia é fazer uma comunicação harmônica entre o clássico e o popular, ressaltado em cada apresentação do quarteto. O show da Orquestra tem como característica a descontração, a interação e, principalmente, a valorização da arte negra brasileira. O repertório privilegia diferentes ritmos: samba, funk, xote, maxixe, baião, jongo, tango, pop rock e erudito. Os shows são realizados nas ruas, transportes públicos, hospitais, escolas públicas, asilos, bem como em eventos privados (casamentos, festas empresariais, aniversário, jantares e programas de tv). Além disso, a orquestra, em parceria com a Casa Amarela, ensina voluntariamente crianças e jovens do Morro da Providência a tocarem instrumentos.

O show da Orquestra de Rua tem duração mínima de 60 minutos. Neste tempo são executadas em torno de 16 músicas: "Asa Branca" - Luiz Gonzaga; "As rosas não falam" – Cartola; "Brasileirinho" - Waldir Azevedo; "Bella Ciao" - canção popular italiana; "Bachianas n° 4, Prelúdio" - Villa Lobos; "Carinhoso" – Pixinguinha; "Canon - Johan Pachelbel, Eine Kleine Nachtmusik" – Mozart; "Eleanor Rigby" - The Beatles; "Feira de Mangaio" – Sivuca; "Folhas Secas" - Nelson Cavaquinho; "Libertando" - Astor Piazzola; "La vie en rose" - Édith Piaf; "Luz negra" - Nelson Cavaquinho; "Por una cabeza" - Carlos Gardel; e "Rap da Felicidade" - Cidinho e Doca.