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“Perdão pelo meu erro”, afirma transexual Suzi sobre polêmica envolvendo seus crimes

Carta aberta foi postada pela advogada da detenta em seu Instagram após visita na cela

Por André Uchôa em 09/03/2020 às 17:43:38

Fotos: Divulgação

A transexual Suzi Oliveira, que foi entrevistada pelo Fantástico no domingo (1), disse em carta aberta que está “pagando a cada dia, cada hora e minuto” pelos crimes cometidos no passado e aproveitou a oportunidade para pedir perdão sobre os atos. O documento foi postado no Instagram da advogada, Bruna Castro, nesta segunda-feira (9) após realizar a visita com a detenta.

Na carta Suzi afirma que não foi questionada pela reportagem sobre os crimes cometidos “Venho dizer que nas entrevistas ao jornal Fantástico não me perguntaram nada referente ao B.O [Boletim de Ocorrência]”, comentou. E que em nenhum momento se acobertou do caso. “Eu sei que eu errei e muito. Em nenhum momento tentei passar como inocente. Desde aquele dia me arrependi verdadeiramente e hoje estou aqui pagando por tudo que eu cometi. Apenas quero pedir perdão”, relatou a trans.

Em vídeo, a advogada afirmou que Suzi está cumprindo a sentença já proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. “Esclareço que não compete nenhum tipo de julgamento agora sobre o crime dela. Ela já foi julgada em juri popular em 2013”, afirmou a defensora.

Além disso, a advogada disse que a detenta não se recusou a falar sobre o assunto. “Hoje estive no presídio e conversei com ela [Suzi]. Falei sobre a repercussão do caso e mesmo assim ela teve nenhum problema para abordar sobre o tema”, relatou.


Leia a carta:

“Eu Suzi Oliveira, “Rafael Tadeu”, vem dizer que nas entrevistas ao jornal Fantástico não me foi perguntado nada referente ao B.O. Eu sei que eu errei e muito em nenhum momento tentei passar como inocente e desde aquele dia me arrependi verdadeiramente e hoje estou aqui pagando por tudo que eu cometi... Errei sim e estou pagando cada dia, cada dia e cada minuto aqui neste lugar... Antes não tive essa oportunidade agora estou tendo apenas quero pedir perdão pelo meu erro no passado. (sic)”

A trans, cujo nome de batismo é Rafael Tadeu de Oliveira Santos, foi presa por praticar ato libidinoso (conjunção carnal com menor de 14 anos) em uma criança de 9 anos. Segundo a sentença, Suzi matou em seguida a criança e responde pelo crime de homicídio triplamente qualificado.

Rafael foi condenado a 36 anos e oito meses de prisão pelos desembargadores da 7° Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 2017, a Defensoria Pública de São Paulo apresentou ao TJ uma solicitação da diminuição da pena, mas não foi atendida pelo 1° Grupo de Direito Criminal. Suzi já cumpriu até hoje 10 anos da sentença.

ABRAÇO QUE COMOVEU

No último domingo (1) o Fantástico, programa da TV Globo, mostrou o preconceito, abandono e a solidão de presas transexuais que estão alocadas em unidades prisionais masculinas. Entre as histórias apresentadas por Varella, a que chamou mais atenção foi o caso de Suzy de Oliveira.

Durante a reportagem, a trans afirmou ao médico que não recebia visita na penitenciária há oito anos."Muita solidão, não é minha filha?", disse Varella que, em seguida, abraçou Suzy. Após a entrevista ser reproduzida na televisão, o ato repercutiu nas redes sociais.


O CASO

Uma tia da trans, que prestou depoimento ao tribunal, afirmou que Suzy "realizava roubos com arma e usava maconha." Ela também disse que a sobrinha abusou de uma criança de três anos, quando trabalhava em uma padaria. Além disso, a tia lembrou que a acusada teria abusado de seu sobrinho que, na época, tinha cinco anos e meio.

A Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo afirmou que a "reeducanda cumpre pena pelo artigo 121, §2, inciso III, IV e V e §4º do mesmo artigo (homicídio) e no artigo 217-A (estupro de vulnerável em menor de 14 anos), todos do Código Penal. Já o Tribunal de Justiça afirmou que não poderia se posicionar sobre o caso por se tramitar em segredo de justiça.

Em esclarecimento nas redes sociais, o médico Dráuzio Varella afirmou que é contra o julgamento das pessoas independente de seus atos. Para a reportagem, Varella explicou que não perguntou nada sobre os motivos que levaram as personagens a serem presas. Ele ressaltou que adota essa conduta para evitar que o julgamento pessoal interfira em no seu trabalho.

Pelo Twitter, um grupo de pessoas acusaram a detenta pelos crimes supostamente cometidos e que por esse motivo não receberia visitas há oito anos, como relatou na reportagem. Já outros, seguiram o mesmo pensamento do médico lembrando que o processo já foi julgado e não cabe a ninguém julgar a transexual. O assunto chegou aos trending tropics.


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