De acordo com a Academia Americana de Oftalmologia, relatórios sugerem que o novo surto de coronavírus pode causar conjuntivite e possivelmente ser transmitido pelo contato com a conjuntiva. Os especialistas explicaram que pacientes que se apresentaram ao oftalmologista para conjuntivite, juntamente com sintomas respiratórios e viajaram recentemente para a China ou têm parentes que retornaram recentemente, podem ter a doença.
Ainda segundo a Academia Americana de Oftalmologia, o vírus parece se espalhar através de pequenas gotas respiratórias, embora também possa se transmitido quando as pessoas tocam em um objeto contaminado com o vírus e depois levam as mãos à boca, nariz ou olhos.
Alguns artigos sugerem que o vírus pode causar conjuntivite e ser transmitido pelo contato com a conjuntiva. Portanto, pacientes que vão ao oftalmologista para conjuntivite e apresentam sintomas respiratórios, além de terem viajado para o exterior, principalmente para a China, podem ser suspeitos de ter o vírus.
Conforme declarado pelo Ministério da Saúde da Espanha em seu site, não há tratamento específico para o novo coronavírus, embora existam muitos tratamentos para controlar seus sintomas.
Recomendações dos oftalmologistas
Embora a conjuntivite não seja um dos sintomas mais comuns do 2019-nCoV, a American Academy of Ophthalmology fez uma série de recomendações aos oftalmologistas para agirem de maneira rápida e eficientemente no caso de serem os primeiros especialistas a avaliar pacientes possivelmente infectados.
Algumas dessas recomendações incluem:
1. Verificar se o paciente também apresenta sintomas respiratórios;
2. Perguntar ao paciente se ele / ela viajou para a China ou se ele / ela tem amigos ou familiares que retornaram recentemente do país;
3. Os especialistas devem proteger a boca, o nariz e os olhos adequadamente contra a suspeita de um paciente que apresenta esse vírus.
O médico José Beniz , presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, sugeriu alguns procedimentos para evitar mais contaminações.
"Se além dos sintomas nos olhos, o paciente também apresentar problemas respiratórios, a primeira coisa que o médico deve fazer é perguntar se ele viajou para o exterior ou teve contato com alguém que tenha viajado, pois ele pode ser considerado suspeito de ter o Coronavirus. Neste caso, o oftalmologista deve proteger a boca, o nariz e os olhos adequadamente e assim evitar a maior proliferação da doença", alertou o especialista.
Covid-19
Vale destacar que os coronavírus são uma família de vírus que, normalmente, afetam apenas animais, embora alguns deles possam se espalhar de animais para humanos. Eles podem produzir qualquer coisa, desde um resfriado comum até doenças mais graves.
O tipo mais recente de coronavírus, chamado "2019-nCoV" ou simplesmente "coronavírus Wuhan", foi detectado pela primeira vez em dezembro de 2019, na cidade chinesa de Wuhan. Diante da descoberta, confirmou-se que ele causa infecções respiratórias graves, incluindo pneumonia.
Os afetados apresentam sintomas como febre, tosse, falta de ar ou conjuntivite, que podem aparecer entre dois e 14 dias após serem expostos ao vírus. Além disso, de acordo com um artigo publicado no The Lancet, os pacientes podem transmitir o vírus antes mesmo de sentir os sintomas.
Embora pareça que esse novo coronavírus não seja tão grave quanto o SARS-CoV, que começou na China em novembro de 2002, ou tão letal quanto o MERS-CoV, detectado em 2012, na Arábia Saudita, ele se espalhou rapidamente para outros países e já houve um número significativo de mortes.
Risco para diabéticos
Portadores de doenças crônicas também estão mais vulneráveis ao Coronavirus. Idosos e pacientes com doenças que podem alterar a imunidade são suscetíveis ao vírus. Com mais de 90 mil casos ao redor do mundo, segundo a OMS, o Coronavírus tornou-se uma grande preocupação.
Até o momento, cerca de 3.110 mortes foram computadas. Os pacientes que morreram são idosos acima de 70 anos e portadores de doenças crônicas ou com algum grau de comprometimento da saúde. Na China, cerca de 20% das pessoas contaminadas que foram atendidas em hospitais tinham Diabetes. De acordo com dados publicados pela CDC (Center for Disease Control and Prevention), em fevereiro de 2020, referente à população chinesa que foi acometida pela COVID-19, ocorreram mais mortes nos pacientes que tinham hipertensão (39.7%) e diabetes mellitus (19.7%).
Diante da ameaça, cabe lembrar que o descontrole glicêmico altera o sistema imunológico, aumentando assim os estragos provocados por essa e outras infecções. A médica Claudia Pieper, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, alertou sobre os riscos nos casos dos pacientes diabéticos.
"No caso dos pacientes com Diabetes, seja tipo 1 ou tipo 2, quando as glicemias se mantém sempre altas, mal controladas, a imunidade pode ficar mais baixa e com isso, a pessoa se torna um alvo mais fácil para adquirir qualquer tipo de virose. É importante lembrar que até mesmo resfriados comuns podem alterar a glicemia. Recomenda-se, nestes casos, verificar a glicose através do teste de glicemia capilar ou pelo sistema flash (sensor) um maior número de vezes por dia e aplicar a insulina de ação ultrarrápida conforme as orientações médicas", ressaltou a especialista.
Ela ainda destacou que neste período é importante prestar atenção nos cuidados com a hidratação, o controle glicêmico e os corpos cetônicos. Além das recomendações já divulgadas pela Organização Mundial da Saúde, como lavar as mãos com frequência, evitar contato com pessoas infectadas, não compartilhar utensílios com pessoas suspeitas e usar do lenço quando espirrar ou tossir.
"Mantenha também a sua caderneta de vacinação em dia. Isto ajudará a evitar dificuldades com o diagnóstico de doenças que apresentam sintomas comuns ao do coronavírus. As pessoas que acham que podem ter sido expostas ao COVID-19 devem entrar em contato com seu médico imediatamente", concluiu a endocrinologista.