Os funcionários do setor de telemarketing da Enel, com sede no Rio de Janeiro, cruzaram os braços na tarde desta quarta-feira (18) pela falta de medidas efetivas na prevenção do novo coronavírus. De acordo com os operadores, há pessoas que estão com suspeitas do vírus e nenhum procedimento de enfrentamento foi tomado, como por exemplo a redução da carga horária ou do número de servidores.
A Enel Distruição Rio é uma empresa multinacional com sede em Roma, na Itália - país que passa por uma pandemia do Covid-19 e registra números altos de mortos. Segundo os funcionários, nas últimas semanas a sede da empresa, que fica em Niterói, recebeu um grande número de italianos.
"Já temos casos de pessoas em quarentena. Está um ambiente completamente nebuloso, aliás nenhuma medida eficaz foi tomada. Todos estão com receio e sem posicionamento da empresa", afirmou um funcionário da empresa, que teve sua identidade preservada.
E se não bastasse a falta de medidas de prevenção, os funcionários foram ameaçados pela equipe de supervisão que possivelmente aplicaria medidas punitivas, entre elas penalidades administrativas a partir de suspensões. "O vírus já está se alastrando aqui no Rio de Janeiro e o serviço de transporte público está reduzido. Quanto mais pessoas forem trabalhar, maior o risco de propagação do vírus", contou outra servidora do ramo.
De acordo com o advogado Marcelo Dias, a empresa deixou de cumprir medidas necessárias conforme decreto estadual e do comunicado enviado pela Sinttel Rio, representante da categoria profissional de telecomunicações.
O sindicato enviou na última segunda-feira (16) a empresas do ramo de telecomunicações um comunicado para adoção de medidas necessárias que evitem a propagação da doença no mercado de trabalho. O documento faz apontamentos de atos já publicados pelo Governo Estadual e pelo Governo Federal, como flexibilizar a grade de trabalho e atividades em homeoffice.
Ainda de acordo com os servidores, apenas o serviço de Call Center e de gerenciamento de demandas emergenciais estão atuando com o quadro normal de funcionários. "Entendemos que o serviço de fornecimento de energia é essencial. Não foi montando nenhum plano de contingência para fazer o redirecionamento de demandas, de ligações dos próprios clientes, como casos não urgentes. Isso ajudaria a reduzir o número de funcionários", propõe outro funcionário.
Em nota, a Enel Distribuição Rio "esclarece que não há suspeitas de COVID-19 entre os colaboradores da companhia e nem entre os atendentes de call center que prestam serviço para a distribuidora. A empresa está acompanhando constantemente o estado de saúde de todos e tomando medidas preventivas".
A Enel acrescenta "que todas as áreas administrativas da companhia estão em regime de teletrabalho, ou seja HomeOffice. Desta forma, os colaboradores que podem desenvolver suas atividades à distância, estão realizando-as de suas casas".
Especificamente no Call Center, a empresa diz que "está reforçando a estrutura de limpeza para higienização de todo o local e dos pontos de atendimento. Além disso, todos os idosos e gestantes já não estão mais na operação. Em qualquer caso de suspeita, o colaborador é encaminhado para unidades médicas para avaliação, e não retorna para a operação até que seja esclarecido".
A Enel finaliza, reforçando "que o serviço de distribuição de energia elétrica é essencial e regulado em todo o país pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A companhia entende a sensibilidade do tema e está aberta ao diálogo para avaliar ações que ajudem a sociedade a enfrentar esta situação crítica imposta pelo avanço do vírus. Como empresa regulada, a Enel segue as determinações vigentes para todos os procedimentos envolvidos no serviço de distribuição de energia, como atendimento ao cliente, por exemplo".