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Adversário da quarentena, Boris Johnson contrai Covid-19 e governa de casa

Reino Unido foi último da Europa a abandonar o isolamento vertical, defendido por Bolsonaro, e hoje é o quinto do mundo em número de casos, com 371 mortes

Por Portal Eu, Rio! em 27/03/2020 às 09:52:23

Mais do que originalidade nos penteados e cores de cabelo, Boris Johnson E Donald Trum partilham a defesa da 'imunidade de rebanho' no começo da pandemia Foto Common Dreams

O primeiro-ministro Boris Johnson testou positivo para coronavírus. Johnson disse que desenvolveu sintomas leves nas últimas 24 horas, incluindo febre e tosse. Ele se auto-isolou na residência oficial, em 10 Downing Street, mas disse que "continuará liderando a resposta do governo por videoconferência enquanto combatemos esse vírus". Johnson fora visto em público pela última vez na noite de quinta-feira (26/3), batendo palmas do lado de fora do no 10 como parte de um gesto nacional para agradecer aos funcionários do NHS.

Em um vídeo em sua conta no Twitter, Johnson, 55, disse: "Estou trabalhando em casa e me isolando e isso é a coisa certa a se fazer. "Mas não tenha dúvida de que posso continuar, graças à magia da tecnologia moderna, para me comunicar com toda a minha equipe de ponta para liderar a luta nacional contra o coronavírus. "Quero agradecer a todos os envolvidos e, é claro, nossa incrível equipe do NHS".

A conta do primeiro-ministro no Twitter, refletindo a mudança na orientação do governo conservador, adotou a #stayhomesavelives (fique em casa e salve vidas), popularizada pelos apelos das equipes do prestigiado sistema de saúde britânico, o NHS( National HealthService)

O anúncio coincide com um forte aumento do número de casos de Covid-19 na Grã-Bretanha. A ampliação expressiva dos casos fez com que o primeiro-ministro, Boris Johnson, recuasse na estratégia inicial de isolamento vertical (limitada a idosos e grupos de risco como diabéticos, hipertensos e cardiopatas), a mesma defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e empresários brasileiros nas redes sociais, e decretasse quarentenas massivas. Os casos estão em 7.973, sendo fatais 371.

O Reino Unido foi um dos últimos países do G-8 (grupo dos mais ricos do planeta) a adotar medidas drásticas de isolamento social. Desde a terça-feira 10 de março, a Itália entrou em quarentena, enquanto a Polônia se preparava para fechar suas fronteiras por duas semanas. Na mesma data, o governo da França ordenou o fechamento de todos os locais públicos não essenciais a partir da meia-noite de sábado, 14 de março, e a Espanha decretou um estado de emergência que restringirá a circulação de cidadãos por 15 dias e só permitirá que eles saiam de casa por motivos essenciais, como ir ao supermercado ou trabalhar, de acordo com o site da BBC.

No sábado, 14 de março, cientistas divulgaram um manifesto contra a opção do governo conservador, de admitir até 36 milhões de contaminações. Com isso, alegava Sir Patrick Vallance, encarregado por Johnson de formular a política, se atingiria a 'imunidade de rebanho' (herd immunity), em que o vírus passa a enfrentar a resistência dos anticorpos de quem se cursou da infecção.

Em uma carta aberta, um grupo de 229 cientistas de universidades britânicas diz que a estratégia de então do governo Johnson colocará o serviço de saúde britânico sob pressão adicional e "ameaçará mais vidas do que o necessário". Os signatários também criticaram os comentários feitos por Sir Patrick Vallance, o principal consultor científico do governo, que sugeriu que parte da estratégia das autoridades era gerenciar a propagação da infecção para tornar a população imune. O Departamento de Saúde britânico notou mais tarde que os comentários de Vallance haviam sido "mal interpretados".

A carta também critica a opinião do governo de que, se as restrições às atividades das pessoas forem impostas muito cedo, elas ficarão cansadas delas e deixarão de cumpri-las. O texto foi publicado no sábado, 14 de março, no mesmo dia em que foi anunciado que outras 10 pessoas morreram no Reino Unido por causa do coronavírus, elevando o número total de mortes para 21. Já no domingo, novas mortes foram anunciadas pelo departamento de sa[ude britânico, elevando o total no país para 35, um crescimento de mais de 50% em único só dia. Ato contínuo, o Conselho Consultivo Científico para Emergências (Sage) do governo recomendou que medidas fossem implementadas em breve para proteger a população vulnerável, incluindo o isolamento dentro de suas casas.
Na segunda, 17 de março,primeiro dia útil após a entrega da carta, Johnson decretou a quarentena, limitando severamente os deslocamentos, antecipando férias escolares em todos os níveis, fechando o comércio, limitado a mercadorias essenciais, suspendeu võos, aumentou os controles em aeroportos, portos e estradas. Cientistas críticos ao Governo aprovaram as novas medidas. A dúvida manifestada pelos especialistas é se a guinada não foi tardia.

Fonte: BBC

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