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Exclusivo: consultor comercial faz campanha para comprar máscaras de proteção de rosto

Ação entre amigos adquiriu mais de 80 Face Shields em dois dias

Por Rosaria Farage em 24/04/2020 às 09:36:06

Consultor organizou campanha no Facebook para doação de máscaras de proteção de rosto. Foto: Divulgação

Pensando fora da caixinha, o consultor comercial Aristides Godoy iniciou uma campanha em sua página no Facebook e também junto aos amigos mais próximos para doação de Face Shields, máscaras protetoras faciais em acrílico, a hospitais do Rio de Janeiro.

"Não podemos ficar parados brincando de mídias sociais sem ter uma ação concreta de ajudar a quem está tentando proteger nossas vidas. Por isso tive a ideia de juntar um grupo de amigos e comprar EPIs para alguns profissionais da área hospitalar que estão sofrendo com a falta desses equipamentos de segurança", diz Aristides, conhecido como Tide.

Muito antenado com as notícias relacionadas à pandemia causada pelo novo coronavírus, ele constatou que, em alguns hospitais públicos cariocas, faltam equipamentos protetores individuais para todos. A espera pela ação governamental em relação a esta carência pode custar a vida de muitos profissionais da saúde.

Segundo relato da auxiliar de enfermagem Claudia Magalhães, que trabalha em dois hospitais particulares, existe uma baixa de aproximadamente 100 funcionários por dia nas instituições. A maioria dos médicos, enfermeiros e auxiliares trabalham em dois empregos e ela mesma faz plantões em Copacabana e na Barra da Tijuca.

"Nos hospitais em que trabalho não faltam EPIs, mesmo assim eu estou afastada desde o domingo de Páscoa, quando tive suspeita do contágio. Dois dias depois, o resultado confirmou que estou com Covid-19. São 14 dias de afastamento em casos como o meu, que estou com sintomas leves e me recuperando em casa", acrescenta a auxiliar de enfermagem.

A preocupação da Claudia é a mesma do Aristides. Se as baixas do pessoal da linha de frente no combate à epidemia continuar crescendo, pode haver um colapso na saúde, não por falta de leitos e respiradores para os pacientes, mas principalmente pela ausência de médicos, enfermeiros e auxiliares nos postos de atendimento.

Alguns hospitais de campanha já estão prontos, mas ainda sem funcionar por falta de pessoal. As contratações emergenciais estão sendo feitas, porém também existe a preocupação pela inexperiência dos recém-formados, muitos sem a prática hospitalar para enfrentar tanta pressão.

Os salários oferecidos são baixos em relação à responsabilidade do momento, que inclui colocar a vida em risco. Até para o encorajamento de quem chega, é preciso oferecer o máximo de proteção.

"A compra das máscaras protetoras acrílicas é feita através de depósitos bancários direto na conta corrente da empresa fabricante. A empresa, então, me repassa o produto para que eu possa dar destino aos hospitais mais carentes. Em apenas dois dias, adquirimos mais de 80 viseiras com custo unitário de R$ 15", conta Aristides.

Tide deseja despertar em outros cariocas a mesma vontade de cuidar dos profissionais da saúde. Ele acredita que cada um precisa fazer a sua parte, independente das ações do governo. Assim como os shows virtuais dos artistas, com o apoio de grandes empresas, têm arrecadado toneladas de alimentos para distribuição a famílias afetadas pela pandemia, ele acredita que pode-se chegar a uma cobertura total de proteção a quem está na linha de frente do combate à Covid-19.
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