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Reitores de federais pedem suspensão das datas do Enem 2020

Manutenção do cronograma, sem considerar efeitos da pandemia da Covid-19,ampliará desigualdade no acesso ao ensino superior, afetando alunos e regiões mais pobres

Por Portal Eu, Rio! em 14/05/2020 às 16:17:53

Suspensão das datas de provas presenciais e digitais do Enem 2020 é fundamental a realização de um Enem tecnicamente exitoso e com concorrência democrática", de acordo com nota da Andifes Foto Coordco

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou, nesta quinta-feira (14/5), uma nota em que defende a suspensão das datas da edição deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para a Andifes, instituição que representa os reitores das universidades federais do Brasil, é “fundamental a realização de um Enem tecnicamente exitoso e com concorrência democrática”. A nota é assinada pelo presidente da associação, João Carlos Salles, reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Na última sexta-feira (8/5), a UFRJ e outras 10 universidades haviam emitido uma nota em que também pediram o adiamento das provas. No documento, os dirigentes repudiaram “qualquer tentativa de difundir uma sensação de normalidade falseada, como a manutenção do cronograma do Enem 2020, o qual, caso mantido, ampliará as desigualdades de acesso ao ensino superior”. O documento também é assinado pelos dirigentes das seguintes instituições: Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto Federal Fluminense (IFF), Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), Colégio Pedro II, Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Os dirigentes signatários da nota repudiaram “qualquer tentativa de difundir uma sensação de normalidade falseada, como a manutenção do cronograma do Enem 2020, o qual, caso mantido, ampliará as desigualdades de acesso ao ensino superior.” A UFRJ é a maior universidade federal do país e o Enem é a porta de acesso principal às 9,5 mil vagas anuais de seus 176 cursos de graduação.

Leia a nota da Andifes na íntegra abaixo:


A importância do Enem e do direito à educação

A Andifes e o conjunto de universidades federais, em sintonia com organismos brasileiros e internacionais de saúde, acompanham com preocupação a pandemia causa pelo novo coronavírus. Desde as primeiras informações veiculadas, tomamos as providências recomendadas pelas autoridades sanitárias, respaldadas inclusive por nossa comunidade científica. Assim, cuidamos, por um lado, de proteger a comunidade universitária, nossos estudantes e nossos trabalhadores; por outro lado, colocamos todos os recursos, equipamentos, pesquisadores e instalações a serviço do enfrentamento da COVID-19 e suas graves consequências. Assim, são centenas as iniciativas em execução, de norte a sul do país, que mostram bem a importância das universidades públicas, como lugar de conhecimento e solidariedade.

Além de trabalharmos em redes científicas, buscamos ademais, de forma responsável, interlocução e coordenação com os governos federal, estadual e municipal para ações implementadas, especialmente com as secretarias de saúde e de educação. Também dialogamos com os poderes legislativo e judiciário. Importa destacar que a mídia muito nos apoiou na transparência e na circulação de informações fidedignas e pertinentes, sendo o fundamento de nossas ações salvar vidas, minimizar os inevitáveis danos na economia, sem descuidar da manutenção da democracia e dos direitos do cidadão.

Entre os direitos fundamentais, está o da educação de todos, principalmente das crianças, adolescentes e jovens. Nesse sentido, a comunidade científica e a experiência internacional já identificaram o caráter dinâmico de propagação da pandemia e a necessidade de afastamento social, bem como a maior fragilidade das parcelas populacionais mais idosas e desassistidas, diante da doença. As corretas medidas de afastamento decididas emergencialmente, naturalmente trazem transtornos e perdas para as pessoas.

Na educação não é diferente. Nossas crianças e jovens, apesar dos esforços dos gestores e famílias, estão sem atividades presenciais. Essa circunstância afeta de maneira muito desigual classes sociais e regiões, evidenciando um déficit que jamais pode ser ignorado por instituições que tanto se empenham por efetiva inclusão social. Educação também é solidariedade. Dessa forma, o Enem, instrumento fundamental de acesso ao ensino superior para milhões de jovens, e de complexa operacionalidade, precisa ter adequada execução, situações sanitárias viáveis e também meios que garantam condições razoáveis de isonomia de concorrência aos candidatos. E, hoje, para além de dificuldades históricas, a comunidade científica afirma que essas condições mínimas não se apresentam.

Assim, a Andifes, reafirmando ser fundamental a realização de um Enem tecnicamente exitoso e com concorrência democrática, propõe a suspensão das datas do exame e que, com apoio da área da saúde, seja aberto um diálogo entre educadores, gestores e instituições, de modo que, em condições razoáveis de segurança sanitária e equidade, seja possível definir um novo calendário.

Fonte: Site da UFRJ

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