Viver uma gestação em tempos de pandemia da Covid-19 não é tarefa fácil nem para quem está perto de dar à luz quanto para quem está nos primeiros meses. O momento especial na vida de qualquer mulher se torna também de medo, ansiedade e incerteza. Sentimentos que podem afetar uma fase tão feliz.
Para saber mais sobre como as mulheres podem se proteger e ao seu bebê, o Portal Eu, Rio! conversou com a doula e hipnoterapeuta Jucy Cordeiro, especialista em preparação mental de gestantes, que esclarece a importância de a mulher grávida estar pronta tanto física quanto emocionalmente para o parto. "Uma mente preparada e focada no bem-estar direciona a energia para aquilo que toda grávida deseja, que é passar por uma gestação feliz e tranquila".
O que uma mulher que se descobre grávida agora deve fazer para se preparar até o parto?
Além de manter os cuidados preventivos com a saúde e buscar uma assistência de pré-natal de qualidade, ela precisa confiar no corpo e no desenvolvimento saudável do seu bebê.
Qual a importância de ter uma preparação mental principalmente em uma situação especial como esta da pandemia do coronavírus?
Tudo o que pensamos causa uma reação física no nosso corpo, quando entramos num estado de alerta, suprimimos algumas funções naturais para direcionar nossa energia para a luta e fuga. O momento atual tem causado muito estresse e ansiedade, uma mente preparada e focada no bem-estar direciona o foco para aquilo que toda gestante deseja, que é passar por uma gestação feliz e tranquila.
Quais os principais temores das gestantes e o que é possível fazer para superá-los?
Os principais temores neste momento estão sempre voltados a algo que prejudique a gestação e o bebê. No parto existem outros medos, como o da dor. Para superá-los é importante informação baseada em evidências e, principalmente, alimentar a mente subconsciente de pensamentos, histórias e boas referências de parto.
Qual a importância da preparação física para o parto?
Uma vida saudável é importante em qualquer fase da vida, no caso da gestação, acredito que a preparação física chega para trazer uma consciência do corpo, além de ser extremamente benéfico para a saúde da mãe e do bebê.
Como funciona a preparação mental para o parto?
A preparação mental para o parto leva para a mente subconsciente (que é responsável por 95% das nossas atitudes) tudo aquilo que a mulher já escolheu de forma racional. O parto é um evento profundamente emocional, quando estamos envolvidos emocionalmente em algo, não racionalizamos, agimos por instinto, e por isso se o que foi escolhido conscientemente não estiver alinhado com o subconsciente, pode liberar informações contraditórias que aumentam o tempo do trabalho de parto, a dor e até mesmo a possibilidade de uma distocia emocional. O medo gera adrenalina que, no parto, funciona no nosso corpo bloqueando a ocitocina (hormônio do parto). A intenção desse "bloqueio" é permitir que mulher fuja para um local seguro. Era assim que conseguíamos fugir dos leões nos tempos das cavernas. Hoje nossos "leões" são internos.
A mulher que está na fase final da gravidez e não fez uma preparação para o parto ainda, dá tempo?
Sempre há tempo para uma reprogramação de crenças e padrões do nosso subconsciente. Uma vez que uma ideia é acatada por esta parte da mente, ela só vai ser substituída por outra mais intensa ou mais recente. Importante o reforço positivo do que foi reprogramado, mas enquanto a mulher estiver grávida há tempo.
Sobre Jucy Cordeiro
Mesmo com um atendimento humanizado, após 22 horas de trabalho de parto, Jucy Cordeiro decidiu por uma cesárea. A experiência, em 2012, a fez se dedicar à formação de doula, quando conheceu o conceito de "distorcia emocional de parto". "Naquele momento, entendi o que aconteceu comigo, e ainda acontece com muitas mulheres. Mesmo prontas para o parto, acabam numa cesárea por não prepararem o seu subconsciente", afirma.
Com este entendimento, Jucy trouxe para seu trabalho ferramentas que ajudassem a mulher a acessar esta parte e fazer dela uma aliada do seu corpo durante a gestação e o parto. "Vejo a reprogramação de crenças como ponte para este caminho e utilizo as práticas integrativas como instrumento para auxiliar na construção desta ponte", afirma a doula e hipnoterapeuta, especialista em preparação mental de gestantes.