Nesta semana, Marinho já prestou depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público. Na última ocasião, disse ter entregue provas às autoridades.
O inquérito foi aberto depois que o ex-ministro de Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou estar se demitindo em protesto a possível interferência indevida do presidente Jair Bolsonaro na PF.
Em depoimento, o ex-juiz disse haver registros da solicitação na gravação da reunião ministerial de 22 de abril. O vídeo foi tornado público ontem (22) pelo ministro do STF Celso de Mello.
No vídeo, o presidente anuncia que já tentou trocar “gente da nossa segurança no Rio de Janeiro” e acrescenta: “Não vou esperar foder a minha família toda”.
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, afirma.
Na última quinta-feira (21), Celso de Mello pediu que a PGR (Procuradoria Geral da República) se manifeste sobre três notícias-crime relacionadas à investigação. O procedimento é de praxe. Partidos de esquerda fizeram o pedido ao STF, que consulta a PGR, responsável por propor investigações contra o presidente da República.
Entre as medidas solicitadas está a busca e apreensão do celular de Bolsonaro e de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). A PGR vai analisar se aceita ou não os pedidos. Não há prazo definido para tomar a decisão.
Ontem (22), o ministro general Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) afirmou que, se a apreensão for efetivada, será uma “afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma interferência inadmissível de outro Poder, na privacidade do Presidente da República e na segurança institucional do País”.
Mais tarde, o próprio Bolsonaro declarou que não entregará seu aparelho celular para perícia em caso de uma eventual ordem para fazê-lo por parte do ministro do STF.