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Witzel sinaliza trégua com Bolsonaro após ser alvo de operação da Polícia Federal

Após chamar presidente de 'fascista' e ver 'ameaça de ditadura', governador diz que espera ser recebido por Bolsonaro

Por Portal Eu, Rio! em 09/06/2020 às 18:47:00

Bolsonaro e Witzel. Foto: Daniel Castelo Branco/Agência Brasil

O governador Wilson Witzel (PSC) afirmou, hoje (9), em uma entrevista para a rádio Band News FM, que espera deixar de lado as diferenças com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e retomar o diálogo com o governo federal. "Espero que, como eu já tenho dito, o presidente possa retomar o diálogo comigo. Isso é bom para o estado do Rio de Janeiro. Isso é bom para o Brasil", disse o governador na entrevista.

Isso ocorre duas semanas após chamar Jair Bolsonaro de "fascista" e "ver uma ameaça de ditadura no país".

Dependendo de negociações com a União para viabilizar seu governo, Witzel disse que quer ser recebido pelo presidente e até elogiou o envio de respiradores ao estado pelo governo federal.

"Tenho vários problemas a serem resolvidos, como o Regime de Recuperação Fiscal, a queda dos royalties do petróleo. Nós temos muitos problemas e soluções para apresentar ao presidente. Continuarei crítico de forma respeitosa como sempre fui. E espero que o presidente possa me receber para que a gente converse e encontre as soluções", disse Witzel em entrevista à rádio Bandnews.

A fala do governador foi feita após ser questionado sobre notas da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, apontando o fato de ter recuado das críticas ao presidente após ser alvo de operação da Polícia Federal.

Sem críticas após Operação da PF

Desde o dia da operação, Witzel nunca mais criticou Bolsonaro no Twitter. Na sexta (5), ele fez uma referência negativa ao presidente em uma entrevista – mas respondendo à insinuação feita por Bolsonaro de que "brevemente" poderá ser preso.

"Eu tenho minhas diferenças com o presidente e continuo tendo. Todas as vezes que fiz as críticas ao presidente Bolsonaro foram no sentido a melhorar o nosso desenvolvimento econômico, e as propostas feitas na campanha com as quais conto que sejam realizadas. Especialmente o combate ao tráfico de armas e drogas", disse o governador.

O tom é distinto do pronunciamento feito logo após a Operação Favorito, que investiga sua participação em supostas fraudes na montagem e gestão de hospitais de campanha, bem como a relação sua relação e de seu entorno próximo com o empresário Mário Peixoto. Na ocasião, Witzel vinculou o presidente ao fascismo e viu ameaça de que ele se tornasse um ditador.

"Não abaixarei minha cabeça, não desistirei do estado do Rio, e continuarei trabalhando para uma democracia melhor. Continuarei lutando contra esse fascismo que está se instalando em nosso país, contra essa nova ditadura de perseguição. Até o último dos meus dias, não permitirei que, infelizmente, esse presidente que eu ajudei a eleger se torne mais um ditador na América Latina", completou.

Além do temor da continuidade das investigações, pesou para a decisão de Witzel a necessidade de negociar com o governo federal apoio financeiro para enfrentar os efeitos econômicos da pandemia.

Operação Placebo

O governador, a esposa Helena Witzel e outros membros do alto escalão do governo do estado são alvos da Operação Placebo, que apura "indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública de importância internacional, decorrente do novo coronavírus no estado.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), há um esquema de corrupção envolvendo a OS Iabas, contratada para a instalação de hospitais de campanha do Rio, e agentes públicos durante a pandemia da covid-19.

Em entrevista a TV Globo, o governador levantou suspeitas sobre a operação ter começado no gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras, com consentimento do presidente Jair Bolsonaro.
"Se essa investigação partiu de conluios do procurador-geral da República para induzir erros, porque nada vai ser encontrado, responsabilidades terão que ser assumidas pelo procurador-geral da República, pelo presidente. Nós não vamos parar enquanto não suspendermos isso", disse Witzel.

À época, o governador criticou o presidente Jair Bolsonaro. "Quem não está tendo sucesso é o presidente da República, que estimula as pessoas a irem para a rua, o presidente da República que ataca os governadores, ataca os prefeitos, demora para a ajudar no envio das verbas federais que vão ajudar os estados a pagar essas contas", criticou.

Crise Política

O governador fluminense atravessa uma crise política desde que foi alvo da Operação Placebo. Seis secretários já deixaram o governo em mudanças que visavam tentar retomar o diálogo com a Assembleia Legislativa, onde há dez pedidos de impeachment.

Um dos pivôs da crise é o ex-secretário Lucas Tristão, também alvo da Placebo. Ex-braço-direito do governador, o advogado tinha péssima relação com os deputados estaduais e chegou a ganhar força na administração após a operação.

Após a nomeação de indicados por Tristão, Witzel perdeu seu líder na Assembleia e viu crescer as chances dos pedidos de impeachment prosseguirem. Ele, então, demitiu o ex-aliado, a fim de amainar o clima.

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