Raul Jungmann diz que assassinato de Marielle envolve agentes do estado
Ministro da Segurança Pública reclamou das dificuldades enfrentadas para a conclusão das investigações
Por Edir Lima
Legenda:Raul Jungmann chamou a atenção para a complexidade para esclarecer as mortes da vereadora
O Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, ressaltou durante o programa "Entre Aspas", da GloboNews, de terça-feira (7), que o envolvimento de agentes do estado e de políticos dificulta a conclusão das investigações do caso Marielle Franco. Ele reclamou da complexidade para esclarecer as mortes da vereadora.
"Esse assassinato da Marielle envolve agentes do estado. Envolve, inclusive, setores ligados seja a órgãos de controle do estado seja a órgãos de representação política", analisou.
Jungmann destacou que a complexidade não está relacionada à embarreiramentos, chantagens e ameaças, e sim ao profissionalismo do crime.
"A complexidade deriva do profissionalismo que ele (o crime) foi feito, e do fato que ele tem uma rede de intersecção, que eu poderia chamar, daqueles que têm interesse que aquilo acontecesse, que, aparentemente, é bastante ampla. Daí a grande dificuldade para esclarecer esse caso da Marielle", disse.
Apesar da frustração na demora das investigações, Jungmann acredita que o caso será esclarecido até o final desse ano.
"Nós da Polícia Federal (PF) estamos dando todo o apoio. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Força Nacional, a inteligência nacional colaboram".
Histórico do crime
Marielle e Anderson foram executados na noite do dia 14 de março, no Estácio, na Região Central do Rio. O caso é investigado como sigiloso pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DH), responsável pela investigação, um suspeito de envolvimento com o crime foi preso. Ele é um policial militar reformado, identificado como Alan de Morais Nogueira, conhecido como "Cachorro Louco", suspeito de estar no carro com os criminosos que executaram Marielle e Anderson. De acordo com as investigações, Alan faz parte de um grupo de milicianos da Zona Oeste do Rio, liderado pelo ex-PM e miliciano Orlando de Curicica, preso em uma penitenciária de segurança máxima e que também é suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora.
Dois meses após o crime, uma testemunha revelou à polícia que presenciou uma conversa entre o vereador Marcelo Siciliano (PHS) e o miliciano Orlando de Curicica onde os dois planejaram o assassinato da vereadora, motivado pela disputa por áreas de interesse na região dominada por Orlando. Os dois negaram o envolvimento.