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Projeto de jiu-jítsu da Cidade de Deus tirou mais de 800 crianças das ruas

Equipe Geração UPP retirou do tráfico de drogas mais de 5 mil jovens favelados

Por Portal Eu, Rio! em 29/06/2020 às 09:00:00

Chagas com as crianças: prjeto de sucesso. Fotos da matéria: Divulgação

Um projeto esportivo gratuito voltado para as aulas de jiu-jítsu começou em 2010, na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, com apenas quatro crianças na primeira semana de auls e seis na segunda. Na terceira, com um crescimento exponencial, formou-se um grupo grande de crianças. Hoje, o Projeto "Equipe Geração UPP", coordenado pelo sargento da Polícia Militar Luiz Carlos Chagas de Souza Junior, conhecido como "Chagas Bola", nascido e criado em Jacarepaguá, completou dez anos, já tendo ajudado a 800 crianças a sair das ruas.

Atualmente, se estende a 34 comunidades do município do Rio de Janeiro, contando com uma gama de policiais-professores que o integra. Em todos os polos existentes, mais de cinco mil crianças viram que o heroi daquelas comunidades não era o traficante, mas sim o policial. Além das aulas de jiu-jitsu, conta com atividades de coordenação motora, palestras de autoestima, disciplina, inclusão social, recolocação no mercado de trabalho e prevenção da violência.

“Meu sonho e que o projeto não forme somente campeões de jiu-jitsu, mas vencedores da vida. Queremos que se transforme em um programa de Estado e atinja essas crianças que ficam ao relento dentro das comunidades. Que seja formalizado e patrocinado pelo governo, porque - tenho certeza - já conquistou o sucesso", sonha Chagas.


O projeto

Faixa-preta de jiu-jítsu, além atuar como militar dentro das comunidades, Chagas pode ver com seus olhos a quantidade de crianças nas ruas e decidiu começar a passar seus ensinamentos para eles. Logo se sentiu envolvido com o trabalho de prevenção daquelas crianças, percebendo que poderia mudar o rumo de crianças e adolescentes dentro das comunidades através de uma dedicação constante junto a elas.

“Teve um dia em que fui vestir o quimono e, quando voltei, estava escrito no quadro da sala de aula um palavrão. Perguntei quem tinha feito aquilo e ninguém respondeu. Vi que precisava saber quem era aquela criança e trazê-la para mim, ao invés de expulsá-la”, conta Chagas. Segundo o professor, o trabalho na comunidade é difícil, mas compensador. "Toda criança que fica na rua está sujeita a se envolver com o tráfico. Quando a gente a tira de lá, estamos salvando-a do envolvimento com coisas ruins, como o tráfico de drogas. Já atendemos a parentes de traficantes, inclusive filhos, já que o pai quer o melhor para ele. Abraçamos todas as crianças da comunidade, não importando sua origem”, explica Chagas.

Quem é Chagas

O Sargento Luiz Carlos Chagas de Souza Junior é conhecido profissionalmente como "Chagas Bola" e possui histórico na PM e na vida de cidadão exemplar. Aos 40 anos, nasceu e foi criado na Freguesia, em Jacarepaguá, local onde teve uma infância muito difícil, marcada pela perda de seu pai, aos dois anos. Ele morreu em um grave acidente de moto, deixando sua família, composta pela esposa e dois filhos, totalmente desestruturada.

Este início de vida levou Chagas Bola a entender, ainda criança, a verdadeira dor do próximo. Conforme começou a subir os degraus da superação, foi ao mesmo tempo procurando formas de ajudar a quem precisava e a superar obstáculos cotidianos.

Aos nove anos decidiu praticar o jiu-jítsu, tendo com uma das metas a perda de peso, motivo do apelido. Tornou-se um jovem resiliente e esforçado. Tanto que obteve sucesso na carreira esportiva, tornado-se faixa preta com conquistas mundiais. Logo, resolveu passar os ensinamentos adquiridos para aqueles que buscavam romper o medo, a angústia e a desigualdade, iniciando ponta do projeto que - anos mais tarde - ganharia as comunidades cariocas.


Em 2002, ingressou como soldado do quinto pelotão da segunda companhia da PM, passando por vários batalhões, os quais conquistou muitos laços de amizade. Foi aí que conheceu de perto a quantidade de crianças nas ruas das comunidades e decidiu criar um projeto social de jiu-jítsu, em 2010, oferecendo aulas sem custo para crianças e adolescentes, inicialmente na Cidade de Deus, em pouco tempo ampliado para diversas comunidades do Rio de Janeiro.

Também empresário e pai de família, Chagas percebeu, nos 18 anos de polícia e ao pilotar o projeto, a dimensão de sua conquista. "Meu melhor papel para a comunidade é a contribuição social", conclui o professor-policial.
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