A Polícia Civil concluiu o inquérito do caso da médica agredida no Grajaú na última terça-feira (07) após análise das imagens das câmeras. De acordo com a advogada criminal Maíra Fernandes, que defende a médica Ticyana Azambuja, o inquérito foi concluído rapidamente por conta da ajuda que os moradores de prédios vizinhos deram ao caso. Várias gravações das câmeras de prédios do entorno confirmaram o primeiro depoimento de Ticyana. Segundo Maíra, isso foi fundamental para a conclusão do caso.
A advogada explicou que catorze participantes da "Festa do Corona" foram indiciados porque violaram as normas sanitárias que impediam a realização de comemorações durante o período de isolamento social contra a proliferação do novo coronavírus. Dentre eles, os que participaram das agressões podem pegar até oito anos de prisão.
Denúncias
Dos indiciados, três deles foram denunciados por agressões: Rafael Presta e Rafael Ferreira foram denunciados com base no artigo 129 do Código Penal, com pena de reclusão de dois a oito anos. Já o sargento da polícia Militar, Luis Eduardo Salgueiro, foi indiciado no crime de prevaricação, uja pena é de três meses a um ano de reclusão.
Os outros participantes da festa estão sendo denunciados com base no artigo 268 – Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena – detenção, de um mês a um ano, e multa.
Agilidade da Polícia Civil
Maíra Fernandes elogiou o rápido trabalho da Polícia Civil, que contou com a colaboração de moradores da região.
"Os vídeos e câmeras dos moradores ajudaram muito. A Polícia conseguiu montar tudo o que aconteceu. As câmeras comprovaram integralmente tudo o que a Ticyana tinha dito no primeiro depoimento. A 'gravata' no pescoço, o desmaio, a queda no chão, o pé no tórax. Ela foi jogada ao chão e levou um pé nas costas. Também teve o cabelo puxado, tudo exposto nas gravações", disse.
Indenização
Os agressores poderão ter que pagar indenizações à médica. As lesões foram comprovadas no IML e a médica está sem trabalhar e sem receber pagamento desde a agressão, pois ganha por plantão realizado no combate à covid-19.
Segundo Maíra Fernandes, ela pretende dar entrada em um outro processo nos próximos dias com pedido de indenização. "Ainda é cedo para definir de quanto será esta indenização", disse Maíra, acrescentando que o exame de corpo delito realizado no IML constatou uma lesão grave no joelho de Ticyana, o que necessita um longo período de recuperação e o consequente afastamento do trabalho.
O caso
Depois de participar de um plantão de 24 horas em 30 de maio, a médica anestesista Ticyana Azambuja chegou em sua residência e não conseguiu dormir por conta da "Festa do Corona" realizada por vizinhos. Ao reclamar e não conseguir atenção dos responsáveis pela festa, ela quebrou o carro de um deles, o que provocou a ira dos participantes da festa, que a agrediram.