Em tempos de pandemia, um problema a mais vem tirando a tranquilidade dos moradores de Venda da Cruz, em São Gonçalo. Em total desrespeito ao poder público, os traficantes de drogas do Morro do Martins, 'quebraram' a quarentena, colocando em prática um tradicional evento que mistura pagode e funk, conhecido como 'pagofunk', o 'bailão', ao ar livre, tem proteção de uma grande lona, colocada no meio da rua, em um dos corredores viários de acesso àquela comunidade, e 'rola' sempre nos fins de semana, rompendo a madrugada, com comércio clandestino na rua, sem qualquer repressão do poder concedente.
Segundo denúncias chegadas à área de Segurança Pública, a realização do 'bailão' é sempre feita, de forma ininterrupta, às sextas, sábados e domingos, tirando a tranquilidade e o sono dos moradores. A evidencia da impunidade é prática de manter toda a estrutura para o funcionamento montada, de forma permanente, durante noite e dia, mesmo após o término de cada evento.
Combate
A Polícia Militar abriu uma frente de combate à realização de eventos clandestinos financiados por traficantes em comunidades do Estado. No mês passado, os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da corporação, em conjunto com o 7ºBPM (São Gonçalo), impediram um evento semelhante que estava sendo organizado por traficantes de drogas do Complexo do Salgueiro, em SG, para comemorar o aniversário de uma das lideranças do Comando Vermelho (CV), na região. No início desse mês, traficantes do Terceiro Comando (TPC), em conjunto com milicianos que expulsaram o CV da localidade dos Predinhos, no Jóquei, fizeram um grande 'bailão' para comemorar um mês de ocupação no local.
Segundo levantamentos de setores de inteligência da área de segurança pública, o TCP, para proteger seus redutos no Complexo da Alma, naquela região, 'alugou' a área do Jóquei para o grupo paramilitar que age na comunidade da Carobinha, na Zona Oeste do Rio. Os milicianos estão cobrando R$ 20 de moradores e R$ 50 de comerciantes, como 'taxa de segurança'.
Inteligência
A Polícia Militar, através da Assessoria de Imprensa do órgão, informou que a denúncia foi encaminhada para o setor de inteligência do 7ºBPM (São Gonçalo). A PM ressalta que ações para coibir eventos não autorizados em locais com atuação de grupos criminosos demandam planejamento prévio e mobilização de recursos operacionais, com o intuito de resguardar a vida de moradores, policiais militares envolvidos e demais pessoas que circulam nestas regiões. "Trabalho este que vem sendo limitado diante da decisão judicial do Supremo Tribunal Federal vigente no Estado do Rio de Janeiro", informa a nota oficial da Polícia Militar.
De acordo com levantamento da polícia, mesmo preso desde 2015, Walace Batista Soalheiro, o Pixote, ainda comanda o tráfico de drogas no Morro do Martins. Com a morte de Luiz Carlos Gomes Jardim, o Luiz Queimado, no ano retrasado, Pixote, foi alçado pela cúpula do CV a uma das principais lideranças da facção em SG, e além do Martins, também é responsável pelo Complexo da Coruja e outras comunidades na cidade.