Americano vive situação financeira complicada fora de campo

Se o Americano, de Campos dos Goytacazes (RJ), vive boa fase dentro de campo, fora dele a situação é crítica. O vencedor do primeiro turno da segunda divisão estadual sofre com sérios problemas financeiros, inclusive para manter o salário em dia dos atletas, comissão técnica e funcionários.

No dia 13 de julho, uma postagem na página oficial do clube no Facebook falou sobre as dificuldades e um apelo foi feito, na mesma publicação, pedindo que os torcedores fizessem doações para a conta bancária divulgada.

Contactado pelo Portal "Eu, Rio!", o atual presidente do Americano, Carlos Abreu, alegou que o pedido de apoio foi para dar transparência ao torcedor. De acordo com o dirigente, apesar da boa estrutura que o alvi-negro campista tem na atualidade, uma série de ações judiciais tem causado dificuldades.

 "A gente tem sido surpreendido com uma série de problemas na justiça do trabalho, que a gente nem sabia. Além disso, tivemos problemas com bloqueios na conta e notificações do Ministério do Trabalho que geraram multas. Ou seja, temos uma dificuldade enorme em entender o tamanho do problema", reconheceu Abreu.

Problema envolvendo ex-mulher de ex-presidente

O mandatário citou, como um dos exemplos, o caso envolvendo Ana Márcia, ex-companheira do ex-presidente Luiz César Gama, que processou o Americano alegando que era funcionária do alvi-negro. De acordo com o estatuto do clube, parentes e pessoas próximas a dirigentes não podem ter cargos e exercerem atividade remunerada.

"A ex-mulher do César Gama entrou com uma ação se dizendo empregada do clube e ganhou. Ela afirmou que ficou sem receber por um ano e o próprio presidente na época afirmou que a contratou, algo que o estatuto proíbe. A condenação foi de valor considerável e para recorrer  dessa aberração temos que ter R$ 13 mil pra poder entrar com recurso na Justiça do Trabalho. Não há planejamento que resista", afirmou.

Luiz César Gama se defende das acusações

O ex-presidente Luiz César Gama rebateu as acusações chamando-as de "mentirosas". Ele afirmou que deixou o clube sem dívidas, com dinheiro em caixa e sem ações trabalhistas. Ao comentar o caso da Ana Márcia, Gama afirmou que a ex-mulher entrou no Americano depois de quatro anos que deixou a presidência.

"Eu não sei onde foi irregular o trabalho da Ana Márcia, pois ela entrou lá depois de quatro anos que eu saí. Ela entrou como outra pessoa qualquer e ajudou a salvar o clube, assim como eu salvei. Entrei no Americano com mais de R$ 10 milhões de dívidas, isso ainda nos anos 90. Saí de lá com o clube recebendo R$ 75 mil pelos próximos 36 meses", argumentou Gama.

O ex-dirigente se refere à venda do Estádio Godofredo Cruz que possibilitou o acordo para a construção de um novo Centro de Treinamento (já entregue), de um novo estádio e da nova sede social. Ele também alegou que tudo está registrado em ata e afirmou que se há dívidas, o responsável foi quem o sucedeu, Luciano Viana.

Viana nega dívidas e rebate Gama

Outro ex-presidente, Luciano Viana, afirmou que não deixou débitos no Americano. Ele alegou que logo que assumiu o cargo, em 2014, descobriu uma pendência de R$ 50 mil com a Fferj. Viana, que foi jogador do clube, afirmou que todas as suas contas foram aprovadas e conseguiu as certidões negativas de débito.

"Logo que eu assumi, mostrei em números a situação real do Americano. Encontrei muitas pendências, mas saí deixando com a condição financeira boa. Além de deixar dinheiro razoável em caixa, consegui vários patrocínios e hoje o clube tem um ônibus próprio para viajar, igual aos times grandes do Rio", argumentou.

Ele enfatizou que a ex-esposa de Gama nunca entrou no clube durante o tempo que esteve na presidência, de 2014 a 2017. De acordo com Viana, as atas registradas em cartório comprovam que Ana Márcia trabalhou no Americano durante o mandato de Luiz César Gama, que foi de 1992 a 2014.