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Cacique da maior aldeia indígena do estado morre por Covid-19

Incidência entre os indígenas é dez vezes maior que na sede do município

Por Portal Eu, Rio! em 21/07/2020 às 16:59:47

Cacique Domingos. Foto: Reprodução TV Globo

Morreu hoje (21) o cacique Domingos, aos 68 anos, líder da maior aldeia indígena do estado, a Sapukaí. A aldeia, dos Guaranis, fica em Bracuí, no litoral de Angra dos Reis. A incidência entre os indígenas é dez vezes maior que na sede do município. O líder da comunidade indígena estava internado no Centro de Referência para Tratamento da Covid-19 (Santa Casa) de Angra dos Reis desde o dia 26 de junho.

Falta de saneamento básico

Ambientalistas já alertavam há anos sobre a elevada situação de vulnerabilidade dos povos indígenas pela ausência de saneamento básico e de infraestrutura de reservação de água potável nas oito aldeias indígenas fluminenses.

A pandemia Covid-19 ampliou a escala de risco desta crise ambiental e sanitária presente há décadas nas aldeias do estado do Rio de Janeiro, onde há anos os órgãos públicos (SESAI do Ministério da Saúde e Prefeituras) já vinham constatando casos de doenças de veiculação hídrica como diarreias entre crianças e idosos.

Descaso com os indígenas

"O Cacique Domingos é mais uma vítima do descaso dos governos", afirmou o ecologista Sérgio Ricardo Verde Potiguara, representante da organização GRUMIN no Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND-RJ).

O gestor ambiental lembrou que há quatro anos, o Ministério Público Federal Federal do Rio de Janeiro, através do Procurador da República Felipe Borgado, obteve uma decisão liminar da Justiça Federal de Angra dos Reis (Juiz Federal Raffaele Pirro) que obrigava a União Federal a fornecer imediatamente água potável às populações indígenas das aldeias de Angra dos Reis e de Paraty, bem como fornecer condições adequadas de saneamento básico, como a implantação de esgotamento sanitário, de forma a garantir o Direito fundamental à saúde.

Desabastecimento de água

À época, uma perícia técnica do MPF-RJ contatou que as populações das aldeias de Sapukai (do cacique Domingos), Araponga, Rio Pequeno e Parati-Mirim sofriam no seu cotidiano com o abastecimento insatisfatório de água potável e não apresentavam condições mínimas de saneamento básico. Também um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado há mais de uma década entre o MPF, a concessionária Eletronuclear e as prefeituras em que a empresa de energia se comprometia à financiar um projeto barato de saneamento ecológico das aldeias destes municípios.

"Nenhuma destas medidas - que eram à época já consideradas emergenciais por todas as autoridades públicas e pelas comunidades -, saíram do papel. Com a pandemia da Covid-19, o grave quadro de déficit sanitário nas aldeias se agravou", afirmou Potiguara.


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