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Chacina da Candelária é lembrada com o tema 'Vidas negras nas ruas importam'

Oito meninos da Associação Beneficente Amar fizeram o papel das vítimas mortas em 1993

Por Portal Eu, Rio! em 23/07/2020 às 16:29:43

Foto: Reprodução

O movimento "Candelária Nunca Mais!" realizou hoje (22), um ato público na Praça Pio X, no Centro do Rio, com oito meninos da Associação Beneficente Amar. O evento marcou a celebração dos 27 anos da Chacina da Candelária, com o tema "Vidas negras nas ruas importam".

"Ao longo desses 27 anos, nossos atos e protestos são para lembrar e resistir. A Chacina da Candelária, ela na verdade não terminou. Os jovens e negros que estão na rua continuam em risco, nada mudou. E isso tudo representa uma realidade muito dura", disse Márcia Gatto, uma das fundadoras do movimento "Candelária Nunca Mais!".

"Esses meninos representam cada uma daquelas vidas, em sua maioria de jovens negros, que foram vítimas da violência há 27 anos. A gente não quer deixar que a memória sobre esse episódio seja esquecida. Não pode se deixar apagar com o tempo. Esses jovens hoje poderiam ser aqueles que estavam desprotegidos nas ruas e morreram", afirmou Roberto José dos Santos, um dos organizadores do ato e também um dos fundadores da Amar.

"Não poderemos fazer a já tradicional manifestação pelas ruas por conta das regras de distanciamento social da pandemia do coronavírus. Por isso adiantamos o ato e, ainda assim, vamos promover uma série de debates online para marcar a data, nesta quinta (23)", explica Roberto.


Pinturas no chão marcaram jovens mortos em 1993. Foto: Reprodução

A Chacina

No dia 23 de julho de 1993, policiais militares que faziam parte de um grupo de extermínio foram até a região da Igreja da Candelária, no Centro da cidade, e atiraram em 70 pessoas que moravam próximas ao local. Oito jovens morreram na ação.

Há 27 anos, morreram:

  1. Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos;
  2. Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos;
  3. Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos;
  4. Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos;
  5. "Gambazinho", 17 anos;
  6. Leandro Santos da Conceição, 17 anos;
  7. Paulo José da Silva, 18 anos;
  8. Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos.

"Vidas negras importam"

Movidos pela onda de protestos populares contra o racismo nos Estados Unidos, que se espalharam pelo mundo inteiro, o ato este ano reforçou uma questão central: a morte de pessoas negras através da violência.

"A questão do preconceito racial está diretamente ligada com essa chacina. A maioria dos meninos mortos na época se enquadravam no perfil de garotos negros e moradores de rua. O Brasil e a sociedade têm uma dívida grande com essas crianças e jovens de origem pobre que estão nas ruas. Nosso país ainda tem uma marca muito triste de violência contra a vida desses jovens", completa Roberto.

Segundo Márcia, ainda é um caminho muito longo a ser atravessado, mesmo 27 anos após o crime. "Não vivemos uma democracia social. O racismo é vivo e aparente na nossa sociedade. Os meninos e meninas que estão em situação de rua e em medidas socioeducativas são negros e pobres em sua grande maioria. Isso é triste e muito forte", concluiu.

Assista ao vídeo da matéria jornalística da época:


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