O presidente da Turquia, Recep Erdogan, culpou nesta segunda-feira (13) os Estados Unidos pelo colapso da lira turca. O mandatário turco alegou que uma "Conspiração política e dissimulada" fez com que o valor da moeda de seu país caísse para níveis recordes. Desde o início de 2018, a lira turca perdeu mais de 40% do seu valor.
"O objetivo da operação é fazer a Turquia se render em todas as áreas, de finanças à política". Disse o presidente turco à partidários na cidade de Trabzon, no Mar Negro.
Para Erdogan, Donald Trump trava uma "guerra econômica contra o mundo inteiro". "Estamos mais uma vez enfrentando um enredo político e indireto. Com a permissão de Deus, vamos superar isso ".
A lira perdeu mais de 40% de seu valor em relação ao dólar neste ano, em meio ao agravamento dos laços entre a Turquia e os EUA e a preocupação com a influência de Erdogan sobre a economia.
Colapso financeiro
A queda se transformou em colapso na sexta-feira, quando a lira caiu 14%, sacudindo os mercados globais.
A moeda turca caiu para 7,24 frente ao dólar na noite de segunda-feira, depois que o banco central turco prometeu fornecer liquidez e reduzir as exigências de reservas monetárias para os bancos. A decisão veio depois que o Ministro da Economia, Berat Albayrak, informou que as autoridades começariam a implementar um plano de ação econômico.
Na noite de domingo (12), o colapso da lira atingiu as ações asiáticas, a moeda sul-africana. Nesta segunda-feira, atingiu o Real Brasileiro, fazendo com que a moeda brasileira atingisse R$3,91 frente ao dólar.
Com a aceleração do aumento dos juros nos Estados Unidos, grandes investidores passaram a buscar moedas mais seguras para investir, como o dólar, iene japonês e a Libra Esterlina, temendo vulnerabilidade de economias emergentes, já que são extremamente dependentes destas moedas. Este é o caso da Turquia e do Brasil.
Na esteira da crise turca, o dólar acumulou na semana passada valorização de 4,25% frente ao real e nesta segunda-feira (13) bateu R$ 3,91. Além dos impactos no câmbio, a turbulência também tem afetado o contrato de juros futuros, o que pode colocar pressão para a manutenção da taxa básica de juros no atual patamar de 6,5% ao ano.