Defensoria recomenda não enviar pacientes para o Hospital de Bonsucesso

O Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), na Zona Norte do Rio, vive "cenário de terror" por conta da precariedade no atendimento à população, como descreve o relatório da defensoria pública da união baseado em uma inspeção do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, realizado no final de março deste ano. O defensor público federal, Daniel Macedo, em ofício enviado à superintendência de regulação da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, recomenda que não sejam mais encaminhados pacientes para essa unidade por três meses ou enquanto não se equacione a carência de profissionais, medicamentos e insumos, o que inviabiliza sobretudo, atendimentos de urgência e oncológicos.

Por conta da falta de médicos especializados e remédios, tratamentos precisaram ser interrompidos, pondo em risco a saúde de alguns pacientes. Daniel Macedo diz que o orçamento destinado à rede federal no estado não sofre reajuste há pelo menos sete anos, e que estes recursos não são suficientes para cobrir a crescente demanda por assistência médica nestas unidades. O ofício estabelece como prazo o dia 19 deste mês para que a superintendência dê uma resposta. O prazo, no entanto, não é uma ordem e o defensor público diz que, como o orgão tem uma visão global de toda a rede, "poderá constatar se a decisão não sobrecarregará o sistema".

O ministério da saúde, havia afirmado no mês passado que, até o final de agosto, mais de 3.500 profissionais de saúde e apoio à assistência estarão atuando nas seis unidades da rede federal no Rio de Janeiro. Já a Secretaria Estadual de Saúde pondera que a recomendação da Defensoria Pública da União só poderá ser atendida se o Ministério da Saúde ou o Hospital Federal de Bonsucesso retirarem a disponibilidade das vagas do sistema, caso contrário, novos pacientes serão enviados para a unidade.

A direção do Hospital Federal de Bonsucesso informa que não recebeu formalmente a inspeção feita pelo Cremerj e afirma que não faltam materiais e medicamentos para o tratamento dos seus pacientes.

Em um trecho do ofício enviado a Secretaria Estadual de Saúde, o defensor Daniel Macedo alerta que o HFB "caminha em sentido contrário à vida".

Inspeção do Cremerj

O CREMERJ realizou a fiscalização na emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), no dia 30 de julho. O presidente do Conselho Regional de Medicina, Nelson Nahon, acompanhado da Comissão de Fiscalização (Cofis), representantes do corpo clínico e residentes, percorreram o serviço que se encontrava superlotado e com as salas amarelas e vermelhas trancadas com cadeados, cinco meses após a inauguração da unidade, em fevereiro. Nahon lembrou que o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar do Núcleo Estadual do Rio de Janeiro (DGH/Nerj), Alessandro Magno Coutinho, garantiu a admissão por meio de contratos temporários de, aproximadamente, 300 profissionais de saúde para o hospital e que parte deles seriam para a emergência. No entanto, não houveram contratações e a unidade continua esperando por médicos e demais profissionais.