Após a repercussão negativa de declarações contrárias à Lava-Jato feitas ontem (28), o procurador-geral da República Augusto Aras fez contato com senadores e, em um movimento de recuo, afirmou desejar "fortalecer o combate à corrupção" e se colocou à disposição para participar de uma videoconferência com parlamentares nesta quarta-feira.
Em uma live para um grupo de advogados criminalistas que são críticos à Lava-Jato, Aras afirmou que a força-tarefa de Curitiba funcionaria com "caixas de segredos e processos ocultos". Defendeu ainda que o "lavajatismo não perdure". Na transmissão, o procurador-geral foi elogiado e ovacionado pelos advogados, que atuam para clientes investigados pela operação.
Videoconferência com "Muda Senado"
Hoje (29), Aras conversou com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e aceitou participar de uma videoconferência com integrantes do grupo "Muda Senado", que é favorável às investigações e à pauta anticorrupção. Em mensagem enviada ao senador, o procurador-geral afirmou que está atuando para aumentar o número de procuradores — embora atos recentes de sua gestão reduziram os procuradores com dedicação exclusiva nas forças-tarefas.
"Queremos fortalecer o combate à corrupção. E precisamos apenas corrigir rumos ante desvios das forças-tarefas, inclusive pretendemos aumentar o número de procuradores, servidores e meios materiais. Estou disponível para esclarecer os fatos", disse Aras na mensagem.
Desconforto no MPF
Suas declarações na live com advogados provocaram indignação e desconforto no Ministério Público Federal, como revelou a colunista Bela Megale. Também repercutiram mal entre os senadores do grupo "Muda Senado", por isso a ação de Aras para reduzir os danos.
Um dos integrantes do grupo, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), afirmou que Aras, na condição de membro antigo do Ministério Público Federal, não poderia ter feito essas declarações.
— Para um leigo é possível fazer determinadas afirmações, mas para um profissional do Ministério Público com o tempo de serviço que tem Augusto Aras, não. Ele sabe perfeitamente que a Operação Lava-Jato foi objeto de amplo escrutínio — disse o senador.