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Bispo dom Pedro Casaldáliga, guerreiro dos menos favorecidos, morre aos 92 anos

O sacerdote foi um dos maiores defensores dos camponeses, ribeirinhos, indígenas e quilombolas no país

Por Portal Eu, Rio! em 08/08/2020 às 15:14:09

Pedro Casaldáliga. Foto: Agência Brasil

Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, e um dos maiores defensores dos direitos humanos do país, morreu hoje (7) aos 92 anos, em Batatais (SP), onde havia sido removido para tratamento médico devido a problemas respiratórios. A informação foi comunicada pela Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e a Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos). Ele havia testado negativo para covid-19. Seu corpo está sendo velado na capela do Claretiano, em Batatais. Antes de ser velado e sepultado em São Félix do Araguaia, também passará pelo município de Ribeirão Cascalheira (MT).

Pedro era um defensor da vida, a representação viva da resistência ao autoritarismo. Nascido na Catalunha como Pere Casaldàliga, chegou ao Brasil em 1968. Desde então, subvertendo o Evangelho de Mateus, capítulo 16, versículo 18, Pedro não foi apenas a pedra em torno do qual edificou-se uma igreja na Amazônia, mas a pedra no caminho dos planos da ditadura e de seus sócios na iniciativa privada de passar por cima dos direitos e da vida de camponeses, ribeirinhos, indígenas e quilombolas.

Foi dele a primeira denúncia por trabalho escravo contemporâneo que ganhou o mundo no início da década de 1970. Essa mão de obra foi largamente utilizada em empreendimentos agropecuários na ocupação da região, com a cumplicidade dos militares.

Por conta de sua atuação contra a ditadura e a violência de grileiros, madeireiros, garimpeiros e grandes produtores rurais passou boa parte da vida marcado para morrer. Foi alvo de processos de expulsão do país. Poeta e escritor, tornou-se uma das principais vítimas da censura baixada pelos verde-oliva durante os anos de chumbo.

"Malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e amar! Malditas sejam todas as leis amanhadas por umas poucas mãos para ampararem cercas e bois, fazerem a terra escrava e escravos os humanos", escreveu.


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