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Policial acusado de racismo em shopping na Ilha é expulso do Segurança Presente

'PMs responderão pelos crimes de racismo (Lei 7716) e abuso de autoridade (Lei 13869)', diz promotor

Por Portal Eu, Rio! em 10/08/2020 às 15:40:00

PMs são acusado de racismo. Foto: Reprodução

Os dois homens que espancaram e apontaram a arma na cabeça de um jovem negro em um shopping no Rio de Janeiro são policiais militares.

Os agressores são Diego Alves da Silva, soldado do Batalhão de Choque, de camisa preta nas imagens; e Gabriel Guimarães Sá Izaú, sargento lotado no programa Segurança Presente, que - inclusive - anunciou a expulsão de Izaú "por não tolerar este tipo de abordagem".

Um dos agressores prestará depoimento na 37ª DP (Ilha do Governador) hoje (10). A polícia não especificou qual dos dois será ouvido.

Algumas testemunhas do caso já falaram à polícia. O coordenador de segurança do shopping disse ao delegado que investiga o caso que os dois PMs eram “apoio de inteligência” e prestam serviços ao Ilha Plaza.

O depoimento do segurança desmente a versão inicial do shopping. O shopping havia informado, inicialmente, que os agressores eram desconhecidos e não faziam parte do quadro do shopping.

"Só pensava em sair dali"

O nome da vítima é Matheus Fernandes, de 18 anos. O jovem trabalha como entregador de comida. “Só pensava em sair dali. Sem entender. Como assim? Do nada, ele botar a arma na minha cabeça. E eu com a minha identidade aqui na minha mão e o relógio, do outro, e ele com a pistola na minha cabeça perguntando se eu era maluco, se eu queria morrer?”, desabafou.

Ele foi abordado e agredido pelos policiais quando tentava trocar um relógio que comprou para o Dia dos Pais. Mesmo com a nota fiscal do produto em mãos e sem demonstrar qualquer perigo ou reação, o jovem foi espancado. Os homens só pararam de bater e liberaram o jovem após a intervenção de outros clientes do shopping.

O promotor Sauvei Lai, da 30ª Promotoria de Investigação Penal, está acompanhando o caso. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ele afirmou que os recentes episódios noticiados de racismo no Rio e em São Paulo, onde houve agressão contra um entregador de aplicativos durante uma entrega, são oportunidade para o Ministério Público e a polícia punirem racistas com o rigor da lei.

"O inquérito foi instaurado pra apurar as circunstâncias de um crime de racismo, que é a lei 7716. Com a descoberta que eles são policiais militares, e atuando como policial numa abordagem policial de forma tão desproporcional, eles responderão por um segundo crime: o crime de abuso de autoridade da nova lei 13869", explicou.

Marcus Henrique Alves, delegado da 37ª DP (Ilha do Governador), criticou a ação da dupla: “a abordagem foi totalmente inadequada, ainda mais naquele local, onde aquele jovem não oferece nenhum risco. Então, essa truculência e essa forma de abordar de colocar a arma na cabeça de um jovem, em razão da sua cor, é uma conduta inadmissível, o que a gente não espera de um agente público no desempenho das suas funções”, concluiu.

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