A cidade do Rio de Janeiro já registrou sete casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) em crianças contaminadas pelo novo coronavírus. Desses, três resultaram em morte. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES).
No total, considerando também as ocorrências nas quais as vítimas não estavam com Covid-19, foram 22 casos da síndrome rara.
A SIM-P, registrada pela primeira vez em abril deste ano na Inglaterra, e posteriormente em outros países, costuma causar alguns de seus primeiros sintomas após o contágio por coronavírus. No entanto, ainda não há confirmação científica da relação entre as duas.
A SES informou que está atualizando a lista de doenças de notificação compulsória para melhor compreender a Covid-19 e suas complicações.
Entre elas, está a SIM-P, cuja vigilância se tornará universal – ou seja, todos os municípios terão a responsabilidade de notificar os casos, a partir da resolução da SES. A notificação incluirá os casos de pacientes com idade de até 21 anos.
Segundo a SES, até o momento, apenas a capital fez registros de ocorrências da SIM-P dentro do Estado do Rio.
Em Minas Gerais, pelo menos seis casos da doença já são acompanhados pelas autoridades sanitárias.
Atinge crianças entre 9 e 10 anos
De acordo com a infectopediatra Andrea Lucchesi, os sintomas da síndrome são febre intensa, choque, com acometimento do miocárdio – músculo do coração que garante a circulação sanguínea –, e manifestações gastrointestinais agudas, como diarreia, vômito ou dor abdominal.
A SIM-P é semelhante a uma outra já conhecida do meio médico, a de Kawazaki, segundo a infectopediatra, o que pode ter gerado uma dificuldade no diagnóstico nos primeiros casos.
A diferença é que SIM-P costuma atingir crianças entre nove e 10 anos e é mais grave que a outra, que acomete menores de cinco anos.
Subnotificação
Para Ana Frota, infectopediatra especialista nessa síndrome, o fato da Secretaria de Saúde do Rio notificar esses sete casos é excelente para uma melhor análise da doença. Contudo, a médica acredita que exista uma subnotificação de casos de SIM-P.
"Temos pouca notificação em criança, já que a maior parte não interna. Acho que qualquer número significa algo para se preocupar. É uma doença que é silenciosa, porque tem sintomas muito comuns de outras viroses de crianças, com um diagnóstico muito parecido com uma gastroenterite em fase inicial", comentou Ana Frota.
Provavelmente esses casos são só o ápice da piramide. Certamente a gente tem mais do que isso. Não tenho a menor dúvida", disse a médica.
Ana Frota alertou também que para um diagnóstico correto sobre a SIM-P é preciso ter uma equipe muito bem treinada para essa identificação.