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E-commerce cresce 81% na pandemia e ajuda sobrevivência de lojistas

Vendas online têm salvo empresários na quarentena virtual sem o negócio físico

Por Portal Eu, Rio! em 28/08/2020 às 06:00:00

Foto: Divulgação

O isolamento social trouxe impactos significativos para o comércio. Desde o início da pandemia, diversos estabelecimentos tiveram que se reinventar para se manter, no mínimo, no “modo sobrevivência”. Desde então, muitas companhias aceleraram a transformação digital para vender pela internet, impulsionando o processo do e-commerce em todo país.

De acordo com o estudo realizado pela Compre&Confie, o e-commerce brasileiro aumentou em 81% por conta da Covid-19, gerando um faturamento de R$ 9,4 bilhões no setor em junho e julho. Em relação ao mesmo período do ano passado, este aumento havia sido de 98%.

Ainda de acordo com o estudo, as categorias que tiveram o maior crescimento em volume de compras foram: Alimentos e Bebidas (aumento de 294,8% em relação junho/julho do ano passado), Instrumentos Musicais (+252,4%), Brinquedos (+241,6%), Eletrônicos (+169,5%) e Cama, Mesa e Banho (+165,9%).

A alta reflete principalmente no aumento do número de pedidos realizados durante o mês de julho. Ao todo, foram em torno de 24,5 milhões de compras online, o que representou um aumento significativo em relação a julho de 2019.

Ao mesmo tempo, uma análise individual mostra quais foram os produtos líderes de venda no mesmo período: Gel Antisséptico (+14221%), roupas de baixo para crianças (+6922%), Pijamas (+3874%), Toalha Infantil (+3791%) e Toalha de Mesa (+3574%).

Segundo análise do professor Lúcio Lage, Doutorando em Saúde Mental pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB/UFRJ) e Pesquisador Colaborador do Laboratório Delete - Detox e Uso consciente de Tecnologias, também pertencente ao IPUB/UFRJ, grandes impactos geram mudanças de comportamento humano. “É o que temos assistido devido ao isolamento social. Na impossibilidade de sair de casa, pessoas menos habituadas aos recursos digitais tiveram que se superar e adotar as compras eletrônicas”, avalia.

Em seu 6° livro “A vida após o novo coronavírus: novos comportamentos”, (www.barralivros.com), o especialista revela que, antes mesmo da pandemia ser decretada no Brasil, já vinha coletando material para pesquisa e observando a mudança de comportamento das pessoas — não apenas com relação aos novos hábitos protetivos de higiene, mas também aos hábitos de compra e venda, de se relacionar e de trabalhar.


Professor Lúcio Lage. Foto: Divulgação

Ao Portal Eu, Rio!, Lúcio responde a quatro perguntas sobre comportamento humano relacionado ao e-commerce no Brasil:

Portal Eu, Rio! - Quais os maiores entraves no Brasil para o e-commerce?

Lúcio Lage - Nossa infraestrutura de telecomunicações ainda tem muito a melhorar. Além do crescimento das transações digitais que já vinha ocorrendo face as transformações digitais, o uso no isolamento social impôs mais carga nas redes, não só pelo e-commerce, mas também pelo home office, EAD e games mais utilizados durante estes tempos. O outro problema é a logística de entrega, ainda muito falha no Brasil.

PER - Haverá diferenças no comportamento de compra entre as mulheres e homens pós-pandemia?

LL - As mulheres tem um perfil mais sensorial nas compras e precisam experimentar, combinar, vestir, tocar os produtos especialmente no caso de vestuário, para uma melhor avaliação e também pelo prazer da experiência de compra. Elas voltarão a comprar presencialmente reduzindo a demanda de e-commerce em relação ao período de isolamento, mas nunca reduzirá abaixo dos níveis antes da pandemia.

PER - As pessoas trocarão plenamente a compra presencial pela online?

LL - Como dito anteriormente, as compras presenciais voltarão até em função das dificuldades de telecomunicações e logística mencionadas, além do fato de que muitas pessoas pretendem recuperar o prazer de sair, visitar lojas e comprar presencialmente. À medida que as etapas do processo de compra eletrônica melhorarem o prognóstico é de crescimento do e-commerce.

PER - Sabemos que a compra através do e-commerce tende a ser mais rápida, neste caso, como podemos controlar a ansiedade ocasionada pela expectativa de espera de chegada do produto?

LL - O uso digital em geral estabelece padrões de velocidade nem sempre possíveis de manter e não se pode afirmar que o e-commerce será sempre mais rápido pelos motivos já descritos. Gerenciar ansiedade que é um dos transtornos psicológicos que mais crescem em todo o mundo,(o outro é a depressão) implica em aceitar as opções que são feitas e se preparar para os prazos da realidade atual das demandas. É difícil se controlar, porém é mais salutar a preparação para não iniciar o gatilho da ansiedade pelo retardo da entrega do seu produto, cuja probabilidade é alta de ocorrer.

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