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Os traficantes e facções na invasão e guerra no Complexo de São Carlos

Pitbull, Macumba e Paulinho Fogueteiro se juntaram a Léo Serrote para tomar morro de Léo Empada, aliado de Rogério 157, antigo 'braço' de Nem

Por Portal Eu, Rio! em 27/08/2020 às 20:16:12

Policiais na Rua Itapiru, no Rio Comprido. Foto do leitor.

Quatro criminosos foram presos hoje (27), num sobrado próximo ao Complexo do São Carlos, local que se tornou palco de uma guerra de facções nas últimas 24 horas. O quarteto preso manteve uma mulher refém dentro de um apartamento.

Segundo publicação no Jornal Extra, os criminosos estavam fugindo de um tiroteio e se esconderam dentro do apartamento, onde a vítima foi feita refém. A polícia posicionou atiradores de elite em um prédio ao lado. Após mais de uma hora todos foram presos.

Léo Serrote preso

Um dos presos integrante do quarteto é Alex Marques de Melo, vulgo Léo Serrote, identificado como pivô da invasão que culminou na guerra que já dura um dia no complexo. Com uma lesão na perna, ele foi levado de ambulância sob custódia.

Ao mudar de facção, Léo Serrote foi responsável pela tomada do Morro da Coroa em 2019, conforme o jornal Extra. Ele já foi um dos chefes do morro e já tentou retomá-lo várias vezes. Léo estava foragido e uma recompensa de R$ 1 mil era oferecida pelo Portal dos Procurados do Disque Denúncia para quem ajudasse a encontrá-lo.


Léo Serrote: preso

Transferência das lideranças

A Secretaria de Estado da Polícia Civil (Sepol) vai solicitar ao Ministério Público Estadual e ao Poder Judiciário a transferência das lideranças envolvidas nos recentes confrontos na região central do Rio para presídios federais. O cenário de guerra urbana do Rio nas últimas 24 horas se originou depois de um plano do Comando Vermelho (CV) para tomar o Morro da Mineira, na região Central da capital. Atualmente, a favela é comandada pelo Terceiro Comando Puro (TCP), assim como São Carlos, Querosone e Zinco, que são localidades que formam o Complexo do São Carlos. A única comunidade que faz parte desta área, mas que não é dominada por esta organização criminosa, é o Morro da Coroa, chefiada pelo CV.

Além da transferência dos presos, o responsável pela Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional (SSPIO), o delegado Felipe Curi, afirmou que vai pedir que outras lideranças da maior facção criminosa sejam isoladas no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste.

CV X TCP

Investigações da polícia mostram que a cúpula do CV tramou a invasão à Mineira com a ajuda de Léo Serrote, que já foi um dos chefes da comunidade e tentou pegar de volta o poder várias vezes. No ano passado, o traficante foi responsável pela tomada do Morro da Coroa.

O início do plano de retomada começou quando bandido partiram da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul, que é chefiada pelo CV, para o Tabajaras, em Copacabana. No caminho, criminosos trocaram tiros com policiais e agentes do Segurança Presente na Lagoa e no Humaitá. Ontem (26), após se reunirem no Fallet-Fogueteiro, em Santa Teresa, os bandidos tentaram invadir o Complexo de São Carlos. O intenso tiroteio durou até a madrugada.

— Houve uma tentativa de invasão na favela da Mineira por parte de uma outra organização criminosa a mando da cúpula dessa organização. Vários traficantes, de comunidades diferentes, se juntaram, inclusive nesse episódio de ontem (quarta-feira), que aconteceu na Lagoa. Eles estavam vindo para fortalecer a invasão, no fim da tarde de ontem com a madrugada de hoje, tivemos intensos tiroteios na Mineira — afirmou o delegado titular da 6ªDP (Cidade Nova), Mauro César, que investiga o caso, à TV Globo.

Marginais de 10 comunidades unidos

A investigação da polícia mostra que bandidos de dez comunidades participaram da ação para invadir o Complexo do São Carlos. Eles são da Rocinha, Pavão-Pavãozinho, Tabajaras, Complexo do Alemão e da Penha, Nova Holanda, Providência, Turano, Prazeres e Fallet-Foguereiro, onde funcionou a base principal do planejamento da invasão.

O Fallet-Fogueteiro e o Morro do São Carlos são comunidades vizinhas, mas de lados opostos da Rua Itapiru, no Catumbi. O homem que comanda o Fallet-Fogueteiro é Paulo Cesar Baptista de Castro, o Paulinho Fogueteiro, que é procurado pela Justiça. Na mesma comunidade, estava Cosme Roberto dos Santos, conhecido como Macumba, que, no ano passado, ganhou autorização para trabalhar fora da cadeia depois de 25 anos preso. Ele cumpria regime semi-aberto e nunca mais voltou. Hoje, está foragido.


Macumba. Foto: Divulgação Polícia Civil

Fontes da polícia dizem que Cosme dos Santos se aliou ao Léo Serrote e a Daniel de Paula Silva, conhecido como Pitbull, que ajudaram no plano de tomada do São Carlos. Atualmente, o Morro do São Carlos é chefiado pelo traficante Leonardo Miranda da Silva, o Léo Empada.

— Estamos com a investigação bem encaminhada. Foram traficantes de várias comunidades distintas, já conseguimos mapear elas. Já temos alguns traficantes identificados, outros presos e objetivo é identificar todos eles e levá-los à cadeia — afirmou o delegado.


Pitbull

TCP domina 4 comunidades do São Carlos

O TCP tomou a liderança de quatro das cinco comunidades que formam o Complexo do São Carlos, mas o CV tenta tomar de volta as localidades. Para isso, contam com a ajuda de Rogério Avelino Silva, conhecido como Rogério 157, atual chefe da Rocinha. Inclusive, entre as armas apreendidas pela polícia nesta hoje está um fuzil com a inscrição 157, do grupo criminoso controlado pelo traficante Rogério 157.

O criminoso era braço-direito do antigo chefe do tráfico na comunidade, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, integrante da antiga facção, que perdeu forças e se tornou uma nova organização. Após a prisão de Nem, Rogério assumiu o controle do tráfico na Rocinha e iniciou uma batalha sangrenta entre facções rivais na favela. Rogério está preso desde 2017 e chegou a ser um dos criminosos mais procurados do Rio.

Investigações da Polícia Federal mostram que o TCP se aliou ao PCC, maior facção de São Paulo, que tentava fixar uma base no Rio, e assim, tomar as comunidades dominadas pelo maior rival. A intenção é oferecer, com exclusividade, drogas e armas para facções aliadas no Rio. A organização criminosa de São Paulo rompeu com uma das maiores facções do Rio e, após o rompimento, se aliou a outras duas. Com o apoio delas, se expandiu no estado.


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