A 1ª Vara Criminal Especializada da Capital recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual contra 30 acusados de integrar uma milícia que atua no bairro de Austin, especialmente na localidade Parque da Biquinha, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A organização criminosa busca obter vantagens patrimoniais e de domínio do território e imposição de força, praticando crimes como homicídios, roubos, extorsões e estelionatos. O grupo exigia "taxa de segurança", assim como o pagamento de quantias por mototaxistas para que pudessem circular livremente. Também monopolizou o fornecimento de água e de cesta básica, além de impor serviço clandestino de TV a cabo e internet. Ainda de acordo com a denúncia do MP, o grupo conta com a participação de policiais militares da ativa, havendo uma divisão de atividades em núcleos e diferentes papéis na organização.
Os réus são Vladimir Guimarães Ferreira, Luiz Fernando Cardoso de Loiola (vulgo Nandinho), Marcos Antônio dos Santos Amaral (vulgo Marquinho Alemão), Luiz Carlos Pereira dos Santos Cruz (vulgo Nem Magrelo ou Nem Corolla), Vitor da Paixão Aragão (Vitinho da Biqueira), Carlos Vinicius Sanches França Neves (vulgo Feiuk), Cristiano de Oliveira Gouveia (vulgo Babu), Saimon Soares de Cristo, Leonardo Domingues do Nascimento (vulgo Leo Portuga), Davi Oliveira da Cruz (vulgo irmão Davi), Thiago da Silva Gonçalves (vulgo Boi), Gleydson de Oliveira Leite (vulgo Lucas Lima ou Boka), Rafael Gonçalves Barros (vulgo Tandão), Thiago Luiz da Conceição Silva (vulgo Filho), Hendre Peixoto Menezes (vulgo De Barco e Pirata), Renan Luiz Freitas (vulgo Renan Boladão), Urban Cavalcante Pinto (vulgo Bambam), Emanuel Fernando Pacheco (vulgo Emanuel Bomba), Gutierrez Nascimento de Oliveira, Abner de Mello Grillo, Luiz Antonio da Silva Carmos (vulgo Baixinho), Osvaldo Pereira Garcia Filho (vulgo Dinho), Carlos Alberto Souza da Silva (vulgo Beto do Ponto), Jonathan de Paiva Turques (vulgo Niko ou Nico), Nerildo Sergio dos Santos, Thiago Henrique Oliveira Rangel (vulgo X-Tudo), Diogo José Lima Alves (vulgo Diogão), Sandro Raphael de Oliveira Kopke, Pedro Henrique Martins Pinto (vulgo Pedro Bala ou Pedrinho da Marissol) e Gustavo Carlos Borges.
A investigação também apontou indícios de uma aliança entre a organização criminosa e uma facção do tráfico de drogas, formando uma narcomilícia. As denúncias contra os milicianos e PMs foram recebidas e os mandados expedidos pela 1ª Vara Especializada de Crime Organizado e pela Auditoria Militar do Tribunal de Justiça.
A denúncia oferecida à Justiça relata que a organização é estruturada e possui dimensões consideráveis, atuando de forma setorizada, mediante a prática de crimes como homicídios, roubos, extorsões, estelionatos, dentre outros, com o objetivo de obter vantagens financeiras, domínio do território e imposição de força. Há nos autos da investigação registros de que o grupo exigia "taxa de segurança", bem como pagamento de quantias por mototaxistas, para que estes pudessem circular livremente e, ainda, monopolizava o fornecimento de água e cesta básica, além de impor serviço clandestino de TV a cabo e internet.
Com base nas investigações e no acolhimento da denúncia pela Justiça, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), e a Polícia Civl, por meio da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), realizaram na quinta-feira (27/8) a operação "Consagrado" para cumprir 32 mandados de prisão preventiva e 71 de busca e apreensão contra uma organização criminosa que atuava como milícia em Nova Iguaçu. A ação conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).
As investigações se iniciaram em agosto de 2019, a partir de um duplo homicídio ocorrido em Austin, Nova Iguaçu. Ao longo da apuração diversas diligências foram realizadas, como apreensões, prisões e oitivas de testemunhas que propiciaram a descoberta de vários indícios da prática do crime de organização criminosa. A denúncia contra a quadrilha aponta como lideranças do grupo Vladimir Guimarães Ferreira, o ex-policial militar Luiz Fernando Cardoso de Loiola, vulgo Nandinho, e Luiz Carlos Pereira dos Santos Cruz, vulgo Nem Corolla.
Também ficou comprovado que a organização criminosa realizava o pagamento de propina a policiais militares lotados no DPO de Austin, regularmente, para que esses deixassem de repreender as ações delituosas do grupo. A investigação apurou que dentre os agentes que recebiam tal propina estão os policiais militares agora denunciados Julio Cesar de Oliveira Silva e Eduardo Oliveira dos Santos, vulgo Dudu. Os dois também foram denunciados por organização criminosa e corrupção passiva.
Fonte: Tribunal de Justiça e Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro