A professora do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Niterói Walkíria Nictheroy foi ferida por um artefato de fogo jogado por um bolsonarista quando realizava um protesto pacífico, com um grupo de seis pessoas, contra o Governo Federal, ontem à noite (11) em frente ao Clube Canto do Rio. Ela teve a perna esquerda queimada. Um dos bolsonaristas chegou a bradar: "Cadê a Marielle maconheira? Está morta, né?". Foram disparados quatro sinalizadores em direção aos manifestantes.
No local acontecia uma reunião política de apoiadores do Governo Bolsonaro e integrantes da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, protestavam com uma faixa cobrando a resolução da questão dos prováveis R$ 89 mil em cheques depositados por Fabrício Queiroz à primeira-dama Michelle Bolsonaro e ofereciam suco de laranja, numa alusão de que Queiroz seja "laranja" de Flávio Bolsonaro. Os apoiadores do presidente vestiam camisas azuis com o símbolo da bandeira do Brasil.
"Fiz um registro de ocorrência on line. Mas queimou muito pouquinho. Foi mais o medo, achamos que era um rojão. A gente estava parado e eles começaram a avisar que ia estourar bomba. Essas pessoas não têm compromisso com o debate político e a democracia", afirmou Walkíria, que é presidente da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB.
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Políticos presentes
Estavam presentes ao evento, denominado "Encontro de Bolsonaritssa em Niterói", um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro; os deputados federais Carlos Jordy, Márcio Labre, Filipe Barros e Daniel Silveira; e os deputados estaduais Alana Passos, Dr. Serginho, Márcio Gualberto, Filippe Poubel e Anderson Moraes. A presença do deputado estadual Coronel Salema também estava prevista, mas ele testou positivo para a Covid-19 e está em isolamento social, segundo sua assessoria de imprensa.
Carlos Jordy falou sobre o ataque: "provavelmente, ela foi atingida por algum baderneiro que estava na frente do clube fazendo protestos contra nosso evento. Do nosso lado só havia pessoas ordeiras, com muitas famílias presentes. Já estamos acostumados com esses delinquentes fazendo besteira para tentar nos culpas depois", disse o parlamentar niteroiense.
Santiago, morto por rojão
O ataque foi gravado em vários vídeos pelos manifestantes de esquerda traz à memória a morte do cinegrafista Santiago Andrade há mais de seis anos, atingido por um rojão disparado por black blocs no Centro do Rio de Janeiro. Com uma clara diferença: embora os acusados pela morte do jornalista respondam por homicídio doloso, onde há intenção de matar, não ficou provado até agora que eles tenham mirado o rojão na cabeça de Santiago. Já no ataque que atingiu a professora, os vídeos mostram nitidamente que os manifestantes foram alvejados.
O cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, morreu em 10 de fevereiro de 2014, quatro dias depois de ser atingido por um rojão disparado por "black blocs" durante uma manifestação no Centro do Rio.
Caio Silva de Souza e Fábio Raposo Barbosa foram identificados como os criminosos que acenderam e atiraram o rojão que matou Santiago. Eles foram presos, acusados de homicídio doloso (intencional).
O Ministério Público sustenta que eles assumiram a responsabilidade de ferir alguém quando soltaram o explosivo. O cinegrafista tinha 49 anos e foi atingido na cabeça pelo explosivo. Os réus ainda irão a júri popular.
Ouça abaixo, no Podcast do Portal Eu, Rio! a professora Walkíria Nictheroy contando como foi o ataque de bolsonaristas em Niterói.