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Pais criam aplicativo para estimular filho autista

Ferramenta que estimula  o desenvolvimento da linguagem já tem mais de 5.000 downloads

Por Cláudia Brito de Albuquerque e Sá em 21/08/2018 às 00:02:05

Quando escuta o áudio, a criança autista não verbal é estimulada a repetir as frases. (Foto divulgação)

Criado recentemente, o aplicativo gratuito Matraquinha é destinado a crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou com dificuldades de linguagem. A ferramenta, que já tem mais de 5.000 downloads e muitas avaliações positivas, verbaliza o que o autista deseja transmitir. "Nós estamos super emocionados em saber que o aplicativo está ajudando pessoas que já sofrem demais por causa das dificuldades de interações sociais", afirmou um dos criadores, Wagner Yamuto.

Por meio do app, a comunicação é feita em celulares e tablets com cartões que utilizam o sistema PECS (Picture Exchange Communication System ou Sistema de Comunicação por Troca de Figuras). Ao clicar no cartão, uma voz reproduz o que a criança deseja transmitir, como saudações, emoções, necessidades, sensações e desejos.  Quando escutam o áudio, muitas crianças autistas não verbais estão sendo estimuladas a repetir as frases.  "Olívia falou sua primeira frase funcional e perfeita: 'Eu quero beber água!'. Foi muita emoção, perguntei e ela falou novamente", comentou Karini Lima pelo instagram (@matraquinhaoficial). 

A ideia surgiu quando Wagner e sua esposa Grazyelle Yamuto sentiram a necessidade de ter uma comunicação melhor com o filho Gabriel, 9, que foi diagnosticado com o transtorno quando ainda era bebê.   "Ele faz terapias e já usava uma espécie de fichário com figuras e palavras semelhantes às que utilizamos no aplicativo, mas a mobilidade era um pouco complicada. Então, nós pensamos que um aplicativo seria melhor. Com o auxílio do meu irmão Adriano Yamuto, depois de alguns meses de estudo, conseguimos criar o "Matraquinha"", disse Wagner.

"Matraquinha"  diverte e estimula

Segundo ele, no começo a criança clica em todos os cartões para entender o significado de cada um e pode se tornar um "matraquinha". "O Gabriel está gostando bastante, por meio do aplicativo ele fala tudo o que não tinha conseguido antes. Ele mostra que quer ler gibi, pede brincadeira, leite, biscoito e, várias vezes, pizza. Está sendo bem divertido ver essa interação dele com o aplicativo. A comunicação ficou bem mais tranqüila, inclusive com outras pessoas".

Os criadores do aplicativo pretendem adicionar novas figuras mensalmente e já estão trabalhando na versão em inglês, solicitada pelas comunidades de brasileiros que vivem no exterior. O App pode ser baixado em www.matraquinha.com.br, na Play Store (Android) ou na App Store (IOS - iPhone / iPad).

Segundo a psicóloga Danielly Vieira da Silva, que atende Gabriel, o Matraquinha é mais uma ferramenta para auxiliar a comunicação das crianças com TEA, mas o aplicativo não substitui os outros meios de comunicação (PECS) e as terapias adequadas para cada criança.

"Cada família pode utilizar para ver se será funcional para o seu filho. Nenhum autista é igual ao outro, cada um é único. É importante ressaltar que é essencial o trabalho em equipe, tanto dos profissionais, quanto da família e é preciso estabelecer uma rotina e treinar todos os dias conforme as orientações de cada profissional para obter um bom prognóstico para a criança", orientou Danielly, que está se formando na Pós Graduação Lato Sensu em ABA - Analise do Comportamento aplicada ao autismo, atraso de desenvolvimento intelectual e de linguagem, pela UFSCar, em São Carlos.


Principais sinais de autismo

 O Autismo é um transtorno do desenvolvimento que compromete a interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo, o diagnóstico é feito por médico pediatra, neuropediatra, neurologista e psiquiatra, através da observação clinica e a solicitação de exames para descartar síndromes genéticas, surdez, esquizofrenia e deficiência intelectual. 

Normalmente, o diagnóstico é realizado por volta dos três anos de idade, mas os primeiros sinais do TEA podem estar presentes antes dos 12 meses. Os principais são: não fazer contato com os olhos com dois ou três meses; não sorrir aos seis meses; não acompanhar o adulto com o olhar com cerca de oito meses; não balbuciar com cerca de nove meses, não imitar os sons, não estender o braço e não olhar quando chamado pelo nome com cerca de um ano.

 

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